O MDB apresenta nesta quarta-feira, 22, em Brasília, um documento que se propõe a ser uma plataforma política do partido voltada às eleições de 2026.
Intitulada “O Brasil precisa pensar o Brasil”, a iniciativa foi conduzida pela Fundação Ulysses Guimarães, braço de formação política da legenda, e carrega semelhanças com o “Ponte para o Futuro” lançado há exatos dez anos por Michel Temer, quando ainda era vice-presidente. O programa serviu como base para as políticas adotadas após assumir a Presidência, na esteira do impeachment de Dilma Rousseff (PT).
Para além de delinear prioridades em temas como educação, economia, saúde e segurança pública, o documento do MDB preconiza que a sigla se posicione como alternativa à polarização que ainda permeia a política brasileira.
“Quando começamos a discutir essa questão do debate nacional sobre a política radicalizada pela esquerda e pela direita, a gente percebeu que o Brasil de verdade, o Brasil que estuda, o Brasil que trabalha, o Brasil que adoece, o Brasil da segurança pública, o Brasil da sustentabilidade, nada disso estava em debate”, diz o deputado Alceu Moreira (MDB-RS), presidente da Fundação Ulysses Guimarães.
Coordenado pelo ex-ministro Aldo Rebelo, o projeto percorreu 21 estados brasileiros e o Distrito Federal ao longo deste ano, ouvindo lideranças políticas, especialistas e militantes do MDB. A versão final será apresentada a membros do partido e ao presidente nacional da sigla, Baleia Rossi.
“A partir da sua entrega ao presidente Baleia, ele pode, com este projeto na mão, definir o que o MDB pensa sobre o país, um projeto de país. Porque, se continuarmos assim, nós temos um conjunto enorme de partidos. E, a rigor, não sabemos bem a diferença de um partido para o outro. Como o eleitor elege um projeto?”, pondera Moreira.
O documento
“O Brasil precisa pensar o Brasil” foi dividido em três grandes eixos, com subtemas em cada um deles. São eles:
Eixo 1: Consolidação da democracia
- Prega diretrizes como: maior segurança institucional e jurídica; orçamento e reequilíbrio financeiro de estados e municípios; política externa pautada pelo equilíbrio;
Eixo 2: Retomada do desenvolvimento
Pontos de atenção
- Responsabilidade fiscal e cumprimento das metas fiscais, com redução dos custos de transação da economia e retomada da confiança do investidor nacional e internacional
- Adensamento da agroindústria nos centros regionais de produção
- Conciliação do desenvolvimento e sustentabilidade nos grandes biomas brasileiros
- Aumento do nível de investimentos em infraestrutura
Eixo 3: Redução das desigualdades
- Educação como prioridade absoluta, com ênfase na qualidade para igualdade de oportunidades
- Reformulação dos programas sociais: superação da pobreza e maior autonomia
- Segurança pública: redução da intra-burocracia no sistema de segurança e maior prevenção à criminalidade
MDB dividido
No que diz respeito a um nome na cédula presidencial de 2026, o MDB ainda não confirmou se apoiará um postulante — o presidente Baleia Rossi tem dito publicamente que a decisão será tomada apenas na convenção do ano que vem. O cacique também tem reafirmado que a legenda está focada na reeleição de Tarcísio de Freitas (Republicanos) em São Paulo.
A nível nacional, ala de emedebistas formada por integrantes como o senador Renan Calheiros (AL) e a ministra Simone Tebet (MS) são aliados ao governo Luiz Inácio Lula da Silva — Tebet, inclusive, foi decisiva na frente ampla que elegeu o petista em 2022. Outras alas do partido, principalmente formadas por lideranças do Sul e Sudeste, têm maior alinhamento ao bolsonarismo.