Desde que se transformou em sede da próxima COP30, o Brasil trabalha em ferramentas financeiras que ajudem a colocar em prática os planos de conservação e reflorestamento, que possuem como meta mitigar os efeitos do aquecimento global. Com esse objetivo, a Prefeitura de Manaus elaborou a primeira plataforma nacional de registro e negociação de créditos de carbono, a Bolsa de Créditos de Carbono da Amazônia, que deve contar com o apoio do Banco Mundial. O projeto piloto, desenvolvido pelo Banco B3 e ACX, foi lançado na Climate Week, realizada de 21 a 28 de setembro, em Nova York. A ferramenta pretende recolher 500 milhões de dólares até 2028.
A iniciativa realiza o registro dos créditos gerados a partir da metodologia PSA Carbonflor, criada pela ECCON Soluções Ambientais e Reservas Votorantim para projetos de carbono na Mata Atlântica. Os primeiros 30 mil créditos estão em processo de aquisição pela Motiva e pela EY, empresas líderes em seus setores, o que evidencia a confiança do mercado na plataforma brasileira.
A proposta pretende integrar ativos florestais (REDD+, conservação e reflorestamento) e urbanos (saneamento, mobilidade elétrica, energia limpa) em uma única plataforma, com certificação internacional e governança pública. O projeto será incorporado ao Plano Municipal de Bioeconomia, previsto para 2026, e pode transformar a capital amazonense em hub climático do Hemisfério Sul. Com isso, a cidade deve se transformar em um centro natural para a negociação de títulos verdes oriundos das grandes florestas tropicais — Amazônia, Congo e Indonésia — que concentram os maiores estoques de carbono do planeta.
“É uma proposta que nasce da realidade amazônica, mas com ambição global. Estamos construindo os instrumentos jurídicos e operacionais para tornar Manaus uma referência em finanças verdes com rastreabilidade e integridade”, afirma o prefeito David Almeida. O apoio do Banco Mundial é importante para atrair investimentos públicos e privados voltados a projetos capazes de gerar créditos de carbono negociáveis nos mercados regulado e voluntário, tanto no Brasil quanto no exterior. Entre as ações planejadas estão: uso de energia renovável em prédios públicos e na iluminação da cidade, recuperação de ecossistemas urbanos degradados, proteção de recursos hídricos, mobilidade de baixo carbono, reuso e reciclagem de materiais, além de incentivos a contratações sustentáveis.
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