Considerada pelos eleitores a pauta mais urgente do país, a segurança pública voltou ao centro do debate político após a operação da polícia do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, que resultou na morte de 121 pessoas.
Apoiada pela maioria da população do Rio, a ação rendeu dividendos políticos para o governador fluminense, Cláudio Castro, e freou a recuperação de popularidade de Lula, conforme pesquisa Genial/Quaest divulgada na última quarta-feira, 12.
Segundo o levantamento, a desaprovação ao governo federal, que vinha caindo desde maio, subiu um ponto percentual entre outubro e novembro e atingiu 50%. Já a aprovação baixou na mesma proporção, de 48% para 47%.
Já Castro, aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, foi apontado como o governador de direita com o melhor desempenho na segurança pública, superando outros seis nomes, inclusive os presidenciáveis Tarcísio de Freitas (São Paulo), Ronaldo Caiado (Goiás) e Romeu Zema (Minas Gerais).
Fragilidade petista
Lula, assessores presidenciais e líderes aliados reconhecem que a segurança pública representa uma debilidade do governo e pode atrapalhar o projeto de reeleição do presidente. Há o entendimento de que a pauta beneficia a oposição.
A Genial/Quaest mostra, no entanto, que algumas das principais bandeiras dos rivais de Lula não contam com o apoio da maioria da população. Defendida com entusiasmo por Bolsonaro, a estratégia de facilitar a compra e o acesso a armas de fogo é rechaçada por 70% e apoiada por apenas 26%.
Repetida por Caiado, a ideia de permitir que cada estado tenha uma legislação própria sobre segurança pública é avalizada por 46%, mas enfrenta a oposição de 48%. Por sinal, a maioria, 52%, é a favor da transferência da responsabilidade pela segurança, hoje a cargo das unidades da federação, para o governo federal.
Apresentada pelo senador Flávio Bolsonaro, a proposta de pedir ajuda aos Estados Unidos para combater o tráfico no Rio é refutada por 50% e chancelada por 45%. Mesmo a realização de operações policiais nos moldes da deflagrada contra o Comando Vermelho desperta desconfiança.
Do total de entrevistados pela Genial/Quaest, 67% aprovaram a ação no Rio e 25% desaprovaram. Mas, quando perguntados se gostariam que uma operação semelhante fosse realizada em seus estados, os entrevistados responderam majoritariamente “não” (55%), enquanto 42% disseram “sim”.
Entre os eleitores considerados independentes, disputados a ferro e fogo por Lula e Bolsonaro, o percentual dos que não querem uma ofensiva policial semelhante em seus estados atingiu 58%. O debate sobre segurança pública não é tão cartesiano como sugere a polarização política.