Nem mesmo o fato de o Brasil sediar o maior evento do clima foi suficiente para que a maioria dos jovens brasileiros se conectasse com os temas ambientais. Pouco antes do início da conferência em Belém, uma pesquisa realizada com 3 mil estudantes do ensino fundamental e médio revelou que 90% desconheciam o que é a COP30. O levantamento, conduzido pela Equidade.info — instituto presidido pela educadora Claudia Costin — em parceria com a Frente Parlamentar Mista da Educação, mostra uma preocupante falta de conscientização sobre um dos assuntos de maior relevância global e que, neste momento, coloca a Amazônia no centro das atenções do mundo. Em parte, essa lacuna é consequência de escolas que ainda não incorporaram o debate climático como um tema transversal.
Apenas 25% dos alunos conseguem explicar o que são as mudanças climáticas, mesmo vivendo em um cenário marcado por eventos extremos. No ano passado, o Brasil registrou sua maior temperatura média desde o início das medições, em 1961: 25,02°C, um aumento de 0,79°C em comparação com índices do período pré-industrial, iniciado por volta de 1760. O aquecimento resultou na maior seca da história recente do país e em incêndios que se alastraram pelos principais biomas, provocando grandes perdas de biodiversidade. As queimadas atingiram tamanha proporção que até animais do topo da cadeia alimentar — como onças, que possuem resistência e velocidade para escapar das chamas — foram encontrados carbonizados.
Nem a divulgação ampla dos evenosclimáticos nos noticiários e nas redes sociais fizeram os estudantes se ligarem no aquecimento global. A pesquisa também ouviu professores e gestores, que não percebem a escola como um espaço privilegiado para discutir os desafios climáticos. Com isso, perde-se a oportunidade de formar adultos mais conscientes, sustentáveis e preparados para entender o futuro que os aguarda — especialmente se as discussões da COP30 não resultarem em ações necessárias e urgentes para frear o aquecimento global.