Uma pesquisa feita pelo Instituto de Direito Coletivo (IDC), em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF), concluiu que a maior parte do plástico recolhido por cooperativas no estado do Rio, 64%, não pode ser reciclado. Com isso, esses rejeitos, mesmo depois de separados pelo consumidor e coletados por catadores, acabam em aterros, lixões ou até no meio ambiente.
O problema ocorre, de acordo com os pesquisadores, por razões variadas: pela composição multicamadas do material, sua pigmentação que impede a triagem, a ausência de padronização na rotulagem ou simplesmente por não haver demanda comercial. Questões que, conforme o estudo, poderiam ser resolvidas se a indústria adequasse suas embalagens à lógica da reciclagem.
A pesquisa acompanhou o trabalho de 20 cooperativas de catadores no estado do Rio de Janeiro. Para a presidente do IDC, Tatiana Bastos, o problema é estrutural e exige ação urgente.
“Os catadores fazem o trabalho mais pesado da reciclagem e ainda ficam com o pior da cadeia. É injusto responsabilizar apenas o consumidor, quando a indústria continua colocando no mercado embalagens que nunca serão recicladas. A reciclagem justa começa no design e na responsabilidade de quem produz. O que temos hoje é um sistema que transfere custos para quem menos pode arcar com eles, enquanto as marcas lucram com embalagens poluentes”, explica.
Na Assembleia do Rio, a pesquisa já gerou resultados concretos: serviu de base para o Projeto de Lei nº 5392/2025, apresentado pelo deputado estadual Carlos Minc e atualmente em tramitação. A medida prevê que, em até cinco anos, embalagens não recicláveis sejam banidas do mercado fluminense, que haja rotulagem correta e transparente e que os catadores recebam pagamento direto pelos serviços ambientais que prestam.
Como parte da mobilização, o IDC lançou a campanha pública “Não é só plástico — é rejeito, é injustiça!”, com o objetivo de conscientizar a população, pressionar empresas e fortalecer políticas públicas.