O iceberg A23a, classificado como “o maior iceberg do mundo”, está se partindo em “pedaços muito grandes”, afirmaram cientistas do British Antarctic Survey (BAS) nesta quarta-feira, 3, perdendo a posição de “liderança” em relação aos seus concorrentes. Localizado no Oceano Atlântico Sul, o bloco de gelo tem sido monitorado desde que se desprendeu da Antártida, em 1986.
“Ele está se quebrando rapidamente e desprendendo pedaços muito grandes, chamados de grandes icebergs pelo Centro Nacional de dados sobre Gelo e Neve dos Estados Unidos (NSIDC, na sigla em inglês), que os monitora”, afirmou à emissora americana CNN o oceanógrafo do BAS, Andrew Meijers.
Meses atrás, a geleira tinha mais de 3.600 km² de área, dimensões semelhantes ao estado americano de Rhode Island, sendo considerado o maior iceberg do mundo desde a década de 80. No entanto, ela foi diminuindo de tamanho após se deslocar para o norte da Antártida e entrar em contato com um clima mais ameno do que o existente nas proximidades do gélido continente. Atualmente, o desprendimento de grandes pedaços fez com que sua área fosse reduzida a 1.700km².
A mudança transferiu a coroa de maior iceberg do mundo para o bloco D15a, com mais de 3 mil km². O A23a ainda detém o 2º lugar, mas por pouco tempo, uma vez que a fragmentação deve continuar nas próximas semanas, fazendo a geleira se transformar em múltiplos icebergs “pequenos demais para serem rastreados”, segundo Meijers.
Em março, o A23a ficou encalhado a 70 km da Ilha Geórgia do Sul, após anos flutuando nas águas antárticas. Se esperava que o glaciar permanecesse em sua posição, onde não causaria impactos negativos significantes para a vida selvagem. No entanto, ele se soltou meses depois, e seu deslocamento, atrelado ao derretimento do gelo, deve impactar organismos do fundo do mar devido à enorme liberação de água doce fria.
Desde 2000, as plataformas de gelo da Antártida já perderam cerca de 6 trilhões de toneladas de massa, um fenômeno diretamente associado ao aquecimento global. Pesquisadores alertam que, se a temperatura global subir entre 1,5°C e 2,0°C acima dos níveis pré-industriais, o derretimento das calotas polares pode elevar o nível do mar em vários metros, atingindo um ponto sem retorno. O ano passado já foi o primeiro da história em que a temperatura média global ultrapassou 1,5°C.