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Maduro desafia sanções dos EUA e mantém controle sobre economia venezuelana

Em meio ao que os Estados Unidos chamam de campanha de “pressão máxima” para forçar a saída do presidente venezuelano Nicolás Maduro, a economia da Venezuela enfrenta um cenário cada vez mais adverso, em que sanções, bloqueios a exportações de petróleo e tensões geopolíticas influenciam não apenas o destino econômico do país, mas também os preços globais de energia e padrões de investimento.

A administração do presidente Donald Trump ordenou uma quarentena naval a petroleiros sancionados venezuelanos, ampliando a interdição de embarcações e a repressão ao comércio internacional de petróleo venezuelano, principal fonte de receita do país.

A medida, que afetaria cerca de 590 mil barris por dia em potencial exportação, elevou o preço do petróleo no mercado global e adicionou incertezas às cadeias de abastecimento de energia.

Impactos econômicos internos e receita em queda

A economia da Venezuela tem sido duramente atingida por mais de uma década de má gestão, corrupção e sanções internacionais, resultando em uma redução de cerca de 70% da produção petrolífera desde 2013, com a estatal PDVSA enfrentando infraestrutura degradada e falta de investimentos.

O bloqueio aos petroleiros, mesmo parcial, dificulta ainda mais a entrada de moeda estrangeira, que é crucial para financiar importações e estabilizar a economia, e deve estimular a inflação local e enfraquecer o bolívar, que já registra perda acentuada de valor perante o dólar no mercado paralelo.

Especialistas observam que, mesmo com um crescimento modesto previsto para 2025 com base em certa recuperação na produção e no ambiente mais permissivo ao setor privado, a dependência quase total do petróleo torna a Venezuela extremamente vulnerável a choques externos e à retração de receitas provocada pelas sanções.

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Efeito nas finanças públicas e mercado de trabalho

A redução nas exportações de petróleo ameaça reduzir a capacidade do governo de financiar operações básicas, pagar dívidas e sustentar serviços públicos essenciais. A escassez de divisas pressionaria ainda mais setores críticos da economia, como importação de insumos industriais e alimentos, aumentando os preços no varejo e dificultando o planejamento empresarial.

No setor fiscal, especialistas consultados por veículos internacionais alertam que o bloqueio pode levar a uma crise de liquidez ainda mais profunda, forçando o governo a buscar receitas por meio de aumentos de impostos ou cortes em subsídios — medidas que tenderiam a reduzir o consumo interno e piorar condições de vida para a população.

Repercussões no mercado global de energia

A intensidade da pressão dos EUA e a resposta venezuelana têm reverberações além de Caracas. Após o anúncio do bloqueio, os preços do petróleo Brent e WTI subiram mais de 2%, impulsionados pelo receio de restrições adicionais ao fornecimento de crudo no mercado global.

Analistas de mercado alertam que uma interrupção prolongada nas exportações venezuelanas poderia obrigar refinarias a buscar fontes alternativas de petróleo pesado, com custos logísticos e de aquisição mais elevados, pressionando margens e repassando custos aos preços ao consumidor final.

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Estratégia política-econômica de Maduro

Apesar da pressão externa, Maduro continua a reforçar seu controle político e econômico.

A estratégia combina uma narrativa de resistência ao “imperialismo” americano com medidas internas que tentam manter a base de apoio das Forças Armadas e segmentos do setor público, ao mesmo tempo em que negociações e interesses de investidores de países aliados, como China e Rússia, se aprofundam no mercado de petróleo venezuelano.

Analistas apontam que uma transição política ou econômica significativa na Venezuela exigiria um acordo internacional abrangente ou mudanças internas profundas, algo improvável no curto prazo diante da resistência do regime e do uso de receitas petrolíferas como ferramenta de coesão interna.

O dilema econômico e político

O embate entre Washington e Caracas ilustra um dilema econômico maior: como equilibrar a coerção política com a estabilidade econômica em um país cuja renda depende quase exclusivamente de uma commodity em declínio estrutural.

O resultado dessa disputa não será apenas um termômetro da resiliência do regime chavista, mas também um termômetro para investidores internacionais, mercados de energia e políticas externas que influenciam o futuro econômico da América Latina.

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