O presidente Lula chocou empresários, nesta semana, ao insistir em provocar Donald Trump em vez de tentar abrir negociações pragmáticas com o presidente dos Estados Unidos sobre o tarifaço.
Ciente de que o republicano elegeu o Brics como um alvo do governo norte-americano, o petista disse, nesta semana, que iria buscar os líderes da China e da Índia para discutir uma reação do bloco ao tarifaço de Trump.
Lula de fato telefonou ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, e divulgou depois um texto em que defendia “o multilateralismo e a necessidade de fazer frente aos desafios da conjuntura, e explorar possibilidades de maior integração entre os dois países”.
Essa postura provocadora de Lula mostra ao setor produtivo, segundo empresários ouvidos pelo Radar, que o governo petista segue apostando na crise, pensando em colher dividendos políticos ao projeto de reeleição de Lula.
As pesquisas que mostram uma melhora na popularidade do petista, após o ataque norte-americano ao Brasil, são combustível para as provocações de Lula.
“Provocação é coisa de quem não quer resolver”, diz um empresário. “Todos os países que buscaram uma negociação séria, foram ouvidos”, segue o exportador.
Na visão de outro empresário ouvido pelo Radar, enquanto o setor produtivo luta para tentar lidar com os graves efeitos da crise econômica, o governo politiza o assunto como se só tivesse olhos para a campanha eleitoral.
“O trabalho do governo é, até aqui, inócuo, tardio e desarticulado”, diz outro empresário.