O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa nesta quarta-feira, 24, de uma reunião sobre a defesa da democracia e o combate ao extremismo ao lado dos líderes do Chile, Colômbia, Espanha e Uruguai. Ao contrário do seu antecessor, Joe Biden, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, não foi convidado. Trata-se da segunda edição do evento, que ocorre às margens da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York.
O encontro, que foi criado pelo Brasil em colaboração com os outros quatro países, tem como objetivo fortalecer a democracia, impulsionar o multilateralismo e traçar estratégias no combate ao extremismo e à desinformação. Espera-se que enviados de cerca de 30 países participem da reunião. No primeira edição, em 2024, Biden mandou uma autoridade para representá-lo. Trump, em contrapartida, não foi convidado pelos integrantes do fórum — o governo brasileiro, por exemplo, critica as “ações unilaterais” de países, em recado ao republicano.
Embora Trump tenha usado parte de seu discurso para falar sobre o possível encontro com Lula, em tom amistoso, o presidente americano voltou a afirmar que o Brasil enfrenta tarifas “em resposta aos esforços sem precedentes de interferir nos direitos e liberdades de nossos cidadãos americanos, com censura, repressão, corrupção judicial, e mirando críticos políticos”.
“Como presidente, vou sempre defender nossa soberania nacional e o direito de cidadãos americanos. Sinto muito em dizer que o Brasil está indo mal e vai continuar indo mal. Eles só podem ir bem se estiverem trabalhando conosco”, disse.
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Lula x Trump
A relação entre Trump e Lula se deteriora dia após dia. O republicano acusa o governo brasileiro e o Supremo Tribunal Federal (STF) de liderar uma “caça às bruxas” a Bolsonaro, recentemente condenado a 27 anos e três meses de prisão pelo envolvimento na trama golpista. O ex-presidente foi considerado culpado por liderar ou integrar organização criminosa armada, atentar violentamente contra o Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado por violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado.
Em seu discurso na ONU, Lula não citou nominalmente Trump, mas criticou o uso “medidas unilaterais” e destacou que “nossa democracia e soberania são inegociáveis” e qualquer “agressão contra o poder Judiciário é inaceitável”.
Em retaliação ao trâmite judicial envolvendo Bolsonaro, o líder americano taxou em 50% os produtos brasileiros; sancionou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, e sua esposa, Viviane Barci de Moraes, através da Lei Magnitisky, usada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala; e cancelou o visto de vários membros do STF, com exceção de Kassio Nunes Marques e André Mendonça, indicados por Bolsonaro, bem como Luiz Fux, que votou contra a condenação do ex-presidente.
Nesta segunda, poucas horas antes do início dos trabalhos na Assembleia, o governo brasileiro disse que sanções são uma “tentativa de ingerência indevida em assuntos internos brasileiros”, feita a partir de “inverdades”, e que “o Brasil não se curvará a mais essa agressão”.