A diplomacia brasileira voltou a jogar — e Lula, desta vez, balançou a rede. A conversa telefônica de 30 minutos entre o presidente brasileiro e Donald Trump, nesta segunda-feira, 6, marcou não apenas a reabertura de um canal direto entre Brasília e Washington, mas também um reposicionamento simbólico do Brasil no tabuleiro internacional. Segundo Marcelo Ribeiro, na coluna Radar, Lula e Trump trocaram telefones pessoais e combinaram um encontro presencial nas próximas semanas — o que encerra de vez o tempo em que o bolsonarismo se vendia como único interlocutor possível com os Estados Unidos.
Durante a videoconferência, Lula defendeu a retirada do tarifaço sobre produtos brasileiros e o fim das sanções aplicadas contra ministros do Supremo Tribunal Federal. Mostrou que, mesmo diante do governo de extrema direita, o Brasil fala com altivez e pragmatismo.
“Foi muito boa a conversa, melhor do que esperávamos”, resumiu o vice-presidente Geraldo Alckmin, destacando que o diálogo foi “ganha-ganha, o win-win”, com perspectivas de novos investimentos e cooperação mútua — como também relatou o Radar.
Do outro lado da linha, Trump também fez questão de registrar o tom amistoso: “Gostei da conversa — nossos países se darão muito bem juntos!”, escreveu o americano em rede social, adiantando que pretende encontrar Lula “em um futuro não muito distante, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos”, segundo reportagem de Caio Saad, aqui na Veja.
O republicano, que até recentemente atacava o governo brasileiro e sancionava autoridades do país, agora fala em “saldo positivo” e designou Marco Rubio para tocar as negociações com Alckmin, Haddad e Mauro Vieira.
A cena não é trivial. Como bem observou Robson Bonin, “o propósito revolucionário de Eduardo Bolsonaro acaba onde inicia a química entre Lula e Trump”. Em campo, o presidente não apenas recuperou o diálogo com Washington, mas desarmou o discurso da direita de que só o bolsonarismo teria “linha direta” com a Casa Branca. Lula marcou mais um gol na família Bolsonaro — de cabeça erguida, falando por um Brasil que voltou a ser ouvido.
No Brasil da política e da bola, há vitórias que valem mais pela forma do que pelo placar. Como o gol de Fio Maravilha, eternizado por Jorge Ben Jor — “Foi um gol de anjo, um verdadeiro gol de placa”.
Lula também larcou o seu — um lance de improviso e confiança, daqueles que fazem a arquibancada se levantar. Gol de estadista. Gol de placa.