O presidente Lula acerta ao determinar a expulsão do servidor da Controladoria-Geral da União flagrado em agressão contra uma mulher e uma criança no Distrito Federal. Não há estabilidade, cargo ou crachá que possa funcionar como salvo-conduto para a barbárie. O serviço público — e sobretudo um órgão de controle, como a CGU — não pode abrigar quem confunde autoridade com licença para humilhar e agredir.
O presidente também acerta ao tratar o caso como algo maior do que um episódio isolado: é uma mensagem de Estado. A punição precisa ser exemplar, com demissão, apuração administrativa e investigação criminal, sem contemporizações nem corporativismo. A violência, quando naturalizada, vira método; quando punida com firmeza, vira aviso.
Claro: há política nisso. Sempre há. Lula sabe que a eleição do ano que vem se aproxima e que existe um segmento grande do eleitorado — majoritariamente urbano, cansado da impunidade e sensível a temas de segurança e proteção de vítimas — que cobra gestos claros. E há ainda um cálculo óbvio: deslocar o debate para valores básicos, onde a maioria se reconhece, e onde adversários tendem a ficar sem discurso, porque ninguém ousa defender agressor.
Mas a constatação do cálculo não diminui o acerto. Pelo contrário: quando a política coincide com o que é moralmente incontornável, ela deixa de ser só tática e vira obrigação. E é justamente por isso que a fala de Natal, usada como moldura para o recado, funciona. Reafirma que existe uma linha que não pode ser atravessada — e que, se for, o Estado tem de reagir com o peso total da lei.