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Lula evita atrito com Castro e não condena operação no Rio; entenda motivo

Quando os blindados das forças de segurança do Rio de Janeiro entraram no Complexo da Penha para cumprir 100 mandados contra criminosos do Comando Vermelho, Lula e a esquerda ainda viviam a euforia do giro pela Ásia, com as fotos sorridentes do petista com Donald Trump, e uma sensação de vitória sobre o clã Bolsonaro, que apostava nos Estados Unidos como instrumento para livrar Jair Bolsonaro da prisão. Na manhã de terça, em Brasília, discutia-se o fato de o STF ter marcado a data para analisar os recursos do ex-presidente antes de decretar sua prisão e o início do cumprimento da pena de 27 anos e 3 meses.

Era um momento, portanto, de pleno conforto ao presidente Lula, então seguro em seu discurso de defensor da democracia e da soberania nacional, do diálogo internacional e de outras ideias lançadas no discurso oficial do governo.

A guerra ao tráfico no Rio de Janeiro logo mobilizou a esquerda e a opinião pública para as cenas de barbárie nas comunidades. A condenação ao avanço da polícia foi imediata. Ao longo do dia, o governador do Rio, Cláudio Castro, deu entrevista cravando uma estaca no discurso do governo federal, ao dizer que o estado combatia sozinho o terror das facções fortemente armadas e que o governo petista não havia ajudado porque “segurança pública não é uma prioridade” no Planalto.

“Já entendemos haver uma política de não ceder. Disseram que precisa de uma Garantia de Lei e Ordem (GLO). Depois, disseram que poderiam emprestar e voltaram atrás, porque o servidor que opera o veículo é federal e deveria ter a GLO, enquanto o presidente é contra a GLO. Entendemos que a realidade é essa e não vamos ficar chorando pelos cantos”, disse Castro.

Maior preocupação dos brasileiros — e um ponto fraco da esquerda, que até hoje não sabe lidar com o tema –, a segurança pública tornou-se instantaneamente a pauta nacional. A tal “química” de Lula e Trump já não era tema mais urgente na conjuntura do país. O petismo e seus aliados logo resgataram a velha cartilha para condenar Castro e a ação policial no Rio.

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“O Rio de Janeiro viveu um dia de horror – e o responsável tem nome: Cláudio Castro. A política de segurança pública do seu governo é uma tragédia anunciada. Sem planejamento, sem inteligência, sem compromisso com a vida”, disse Jandira Feghali.

“Mais de 60 vidas foram perdidas no Rio de Janeiro em uma operação desastrosa para toda a população, inclusive para as forças de segurança, já que ao menos quatro policiais morreram”, disse Edinho Silva.

O governador do Rio de Janeiro politizou essa tragédia e disse que não recebeu ajuda do governo federal. O Ministério da Justiça e Segurança Pública afirmou que todas as vezes que o estado pediu a Força Nacional foi atendido. A PF fez diversas operações para combater o crime organizado”, seguiu Edinho.

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“Não é possível que alguém acredite que isso foi uma operação de sucesso”, disse Guilherme Boulos, o novo ministro de Lula.

“Não descarto que a operação de hoje no Rio de Janeiro tenha sido deflagrada com a intenção abjeta de tentar mudar a pauta da política nacional, disse Lindbergh Farias, batendo na ferida que realmente doeu.

Depois de o governo do Rio demonstrar que a ação foi planejada para empurrar criminosos ao “muro do Bope”, evitando morte de inocentes, e depois de a Polícia Federal admitir que o governo fluminense informou sobre a ação, mas a corporação optou por não se envolver, o jogo virou.

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Lula, que gosta de falar de tudo, até do que não deveria, como quando defendeu traficantes dizendo que eles eram vítimas de usuários, silenciou sobre a ação. Alertado por aliados de que não poderia errar novamente ao falar do combate ao crime, algo que fala alto nos desejos da sociedade cansada da marginalidade, da insegurança e dos discursos de burocratas.

No fim do dia, o petista divulgou um textinho nas redes sociais para falar do tema que mobiliza o país. Não criticou Castro, não disse que o governador mentiu ao dizer que a polícia atuou sozinha, não chamou a operação de desastre… O petista defendeu mais união entre seu governo e a gestão fluminense e atacou o crime.

“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, disse Lula, agora sob pressão na polarizada discussão sobre segurança pública.

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