Reportagem de capa da nova edição de VEJA trata da disputa eleitoral nas redes sociais, usando como ponto de partida um ranking de relevância no universo digital composto por onze nomes cotados para concorrer ao Palácio do Planalto em 2026.
Para montar a tabela, a Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados compilou, entre janeiro e julho deste ano, indicadores como número de publicações, quantidade de seguidores, engajamento e média de interações por post no Instagram, TikTok, X, YouTube e Facebook. Com os dados em mãos, atribuiu uma nota de zero a cem a cada presidenciável.
Somando os resultados das cinco plataformas, Lula ficou em primeiro lugar, com 79,76 pontos, seguido pelo deputado Eduardo Bolsonaro (58,76), o senador Flávio Bolsonaro (49,02), o governador Tarcísio de Freitas (30,14), o ministro Fernando Haddad (12,96) e a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (12,85). Inelegível e condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão por tentativa de golpe, Jair Bolsonaro não foi considerado na elaboração da lista.
Investimento pesado
Desde a vitória de Bolsonaro na eleição de 2018, Lula e seus principais auxiliares reconhecem que a esquerda toma uma surra da direita nas redes. Por isso, o presidente definiu como prioridade reorganizar a sua tropa para a batalha digital, tarefa delegada principalmente ao marqueteiro Sidônio Palmeira, nomeado no início do ano para chefiar a Secretaria de Comunicação Social da Presidência.
Empossado ministro, Sidônio deixou de lado o tom institucional e reformulou as contas do governo, adotando linguagem, memes e tendências das redes. Ele também passou a explorar à exaustão pautas que tiraram Lula das cordas e repercutiram de forma positiva nas ruas e na internet, como a promessa de cobrar mais imposto de quem ganha mais, como forma de aliviar a conta de quem ganha menos, e o discurso em defesa da soberania.
Essa estratégia deu certo e contou com a ajuda providencial do caixa da União. Neste ano, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência investiu em todos os tipos de mídia, até o dia 22 de outubro, 379,8 milhões de reais, o que supera o valor pago no ano passado: 377,6 milhões de reais. Os gastos com redes sociais deram um salto significativo.
A Meta — que reúne, entre outros, Instagram, Facebook e WhatsApp — recebeu em 2025, até agora, 41,3 milhões de reais, mais de três vezes o montante de 2024: 13,4 milhões de reais. Proporcionalmente, o crescimento foi ainda maior no caso do TikTok: de 1,37 milhão de reais no ano passado para 5,27 milhões de reais este ano.
Os investimentos também subiram nos casos de Linkedin (657 mil para 793 mil reais) e Pinterest (620 mil para 934 mil) e explodiram em relação ao Kwai Brasil, saltando de 2,32 milhões de reais em 2024 para 12,5 milhões entre janeiro e 22 de outubro deste ano.
Um dos principais responsáveis pela estratégia de comunicação da oposição, que pediu para não ser identificado, reconhece que o investimento feito pelo governo está dando resultado, mas alega que o esquema só está funcionando em razão do dinheiro gasto. O engajamento na esquerda, alega ele, seria comprado, enquanto na direita seria orgânico.
“É claro que percebemos que a esquerda começou a aparecer mais do que o habitual, só que nunca superou o engajamento que a direita possui nas redes sociais. Percebemos esse movimento na época do tarifaço e da campanha que o PT fez do ´nós contra eles´. Eles podem até ter ficado na frente em alguns debates em volume de conteúdo compartilhado, mas não no engajamento ”, diz Michelle Rodrigues, secretária de comunicação do PL. A batalha das redes está esquentando.