O ministro Fernando Haddad disse, nesta terça, que o Brasil não será açodado na negociação do tarifaço anunciado pelos Estados Unidos. Nas palavras do ministro, “para que não haja um sentimento de viralatismo, de subordinação” é preciso que as negociações ocorram sem a pressão da data do início do tarifaço, que começa na sexta-feira.
“Tem que haver uma preparação antes para que seja uma coisa respeitosa, para que os dois povos se sintam valorizados à mesa de negociação. Para que não haja um sentimento de vira-latismo, de subordinação. Então, preparar isso é respeito ao povo brasileiro, à soberania do povo”, disse Haddad.
A posição do governo, de quem não entende a gravidade do que já está ocorrendo nos estados, deixou ainda mais preocupados os líderes de entidades empresariais.
“O tarifaço vai abalroar a economia brasileira, provocando demissões, fechamento de fábricas e outros impactos. Se esse motivo não é suficiente para que Lula saia de sua posição de grandeza e provoque a negociação, o que será. O governo precisa ser proativo, se o outro lado não tomar a iniciativa”, diz um líder empresarial, sob a condição de anonimato.
O empresariado também critica o falatório cheio de contradições de ministros do governo sobre o tarifaço. Fernando Haddad disse, na semana passada, que o Brasil não iria retaliar os Estados Unidos, caso o tarifaço seja implementado. No mesmo dia, foi desmentido por Rui Costa, que afirmou que o Brasil vai, sim, exercer a reciprocidade no comércio com os americanos.
Nesta terça, Haddad disse que o governo já tinha sinais de que havia uma disposição do governo Trump de negociar o tarifaço. No início da tarde, Rui Costa novamente desmentiu o chefe da Fazenda, dizendo que Trump não demonstra interesse em negociar nada com o Brasil.
Fontes do governo espalharam, ainda, que o governo teria intenção de tirar alguns setores do tarifaço, num primeiro momento. A informação foi negada por Geraldo Alckmin, que lidera a negociação.