O presidente Lula e o antecessor Jair Bolsonaro têm pontos em comum. Além de serem os dois principais líderes políticos do país, eles se apresentaram, diante de apurações criminais, como vítimas de uma perseguição judicial destinada a tirá-los da disputa eleitoral.
Investigado pela Operação Lava-Jato, Lula foi alvo de uma condução coercitiva determinada pelo então juiz Sergio Moro, acabou condenado por corrupção, passou 580 dias preso e perdeu o direito de concorrer ao Palácio do Planalto em 2018, quando Bolsonaro conquistou a Presidência.
Depois do processo eleitoral, o petista conseguiu recuperar a liberdade e os direitos políticos e, em 2022, derrotou Bolsonaro na eleição mais disputada desde a redemocratização. Graças a uma reviravolta jurídica, Lula deu a volta por cima e, desde então, sonha com uma desforra completa contra o adversário.
“Xilindró”
Após a invasão e depredação das sedes dos Três Poderes, no atentado de 8 de janeiro de 2023, Lula passou a torcer para que Bolsonaro enfrentasse os mesmos contratempos jurídicos pelos quais ele passou durante o petrolão. De certa forma, é o que está ocorrendo. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já declarou o ex-presidente inelegível.
Neste mês, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), impôs a Bolsonaro uma série de medidas restritivas, como a obrigatoriedade de uso de uma tornozeleira eletrônica, considerada pelo capitão uma “suprema humilhação”.
Nos últimos dias, houve a expectativa de que Moraes determinasse a prisão preventiva do ex-presidente por descumprimento das medidas restritivas, o que não ocorreu. A punição, no entanto, parece uma questão de tempo. Em setembro, o STF deve condenar Bolsonaro por suposto tentativa de golpe. A pena máxima pode chegar a 40 anos de prisão.
Em visita a Minas Gerais, Lula deixou claro que conta os dias para esse acerto de contas com o adversário: “O procurador-geral da República pediu sua condenação, e ele vai sim, senhor, se a Justiça decidir com base nos autos, ele vai para o xilindró”.