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Lula diz que não vai se ‘humilhar’ em ligação para Trump sobre tarifaço

Em entrevista à agência de notícias Reuters, publicada nesta quarta-feira, 6, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não vê espaço para conversas diretas com o líder americano, Donald Trump, em meio ao tarifaço imposto por Washington sobre o Brasil.

“No dia em que minha intuição disser que Trump está pronto para conversar, não hesitarei em ligar para ele”, disse Lula. “Mas hoje minha intuição diz que ele não quer conversar. E eu não vou me humilhar”.

No início de julho, o governo Trump anunciou as tarifas de 50% sobre produtos do Brasil como retaliação à “caças às bruxas” do governo Lula e do Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Semanas mais tarde, sancionou o ministro Alexandre de Moraes, do STF, através da Lei Magnitsky, usada para punir estrangeiros acusados de violações graves de direitos humanos ou de corrupção em larga escala.

Lula disse ainda que planeja uma reunião com líderes dos Brics para discutir a possibilidade de uma resposta conjunta às tarifas americanas. Os países do Brics — originalmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e recentemente expandido para incluir Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã — possuem um PIB agregado de 24,7 trilhões de dólares, quando somados aos dez parceiros comerciais oficiais do grupo.

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Mais cedo, nesta quarta, o Brasil acionou os Estados Unidos na Organização Mundial do Comércio (OMC), em resposta à entrada em vigor das tarifas americanas.

Quase 36% de todas as exportações do Brasil aos Estados Unidos serão afetadas, segundo estimativa do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC). A medida, no entanto, conta com uma longa lista de exceções — as que mais afetariam o consumidor americano, claro — como suco de laranja, aeronaves civis, petróleo, veículos e peças, fertilizantes e produtos energéticos. A carne e o café, contudo, estão entre os afetados.

A probabilidade da iniciativa na OMC ter efeito prático, no entanto, é baixa. Primeiro, a consulta precisa ser aceita por Washington, algo altamente improvável, e depois, se evoluísse para a eventual abertura de um painel, precisaria ir ao órgão de apelação da OMC — paralisado desde 2019 devido ao bloqueio dos americanos à nomeação de novos juízes.

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Ainda assim, é um gesto simbólico significativo, que serve  para marcar posição do Brasil em defesa do sistema multilateral de solução de disputas comerciais. Lula costuma argumentar que a entidade deve ser fortalecida para voltar a ter condições de mediar divergências entre países.

Na terça-feira 5, uma resolução publicada pelo governo brasileiro no Diário Oficial da União deu aval ao Ministério das Relações Exteriores para acionar o mecanismo de solução de controvérsias (SSC) da OMC. O objetivo da ferramenta é assegurar que os países cumpram os acordos comerciais e permitir a contestação de medidas consideradas incompatíveis.

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