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Ludmilla assume protagonismo no The Town: ‘portal para minha nova era’

Menos de dois meses após encerrar a turnê Numanice — projeto que lhe rendeu um Grammy Latino em 2022 e consolidou seu nome em um novo patamar —, Ludmilla, 30 anos, inicia uma fase inédita da carreira. Neste domingo, 14, ela chega ao The Town, em São Paulo, como atração principal do palco The One. Mais do que um simples recomeço, a cantora define o show como “um portal para uma nova era”, marcada por experimentações sonoras, como o mergulho no R&B. Em entrevista à coluna GENTE, Ludmilla fala sobre suas inspirações, incluindo Beyoncé, sobre o peso de ser headliner de um grande festival e revela o que ainda espera da carreira.

Você já domina o funk, o pagode e o pop, e agora se prepara para investir no R&B. O que te atrai nesse gênero e como ele dialoga com sua identidade musical? Cresci ouvindo funk e pagode, mas também sempre tive contato com o R&B. Eu era criança quando me encantei pela Beyoncé e outros artistas internacionais. A forma de cantar, a entrega emocional e até as performances sempre mexeram comigo. Tem também a questão racial, porque o R&B é um gênero criado e fortalecido por artistas pretos, e, mesmo sem ter consciência disso na época, eu me sentia representada. Desde o meu primeiro álbum já trouxe faixas com essa sonoridade, então não é algo novo na minha carreira. A diferença é que agora decidi abraçar de vez esse estilo que sempre fez parte de mim.

Quais inspirações você traz para esse novo movimento da carreira e como pretende imprimir sua marca nesse universo? Minhas grandes referências vêm de nomes como Michael Jackson, Rihanna, Ciara, Keyshia Cole, Summer Walker e SZA. Para imprimir minha marca nesse universo, misturo esses elementos com ritmos brasileiros, criando um R&B com identidade nacional. Além disso, trago minha forma de escrever, minha energia nos vocais e a autenticidade que sempre está presente nos meus projetos.

Como surgiu a parceria com Victoria Monét em Cam Girl? A minha amizade com a Victoria começou pelas redes sociais. Tivemos a chance de passar o réveillon juntas no Rio, curtir um dia no barco, dar muitas risadas, dançar muito e conversar bastante sobre carreira e também sobre a vida. Logo que fiz Cam Girl, pensei em ter uma mulher comigo na faixa, e ela foi a escolha perfeita – entrou de corpo e alma no processo e trouxe ainda mais potência para algo que já era muito especial pra mim.

De que maneira você espera que esse single ajude a abrir espaço para o R&B na cena brasileira? O R&B ainda é um gênero pouco expressivo aqui no Brasil, ainda não foi abraçado pelas gravadoras ou pelas plataformas de streaming e recebe pouco apoio, diferente do funk, do pagode e do sertanejo, que já são consolidados. Mas gosto de desafios e acredito que – assim como o pagode não era um grande fenômeno quando eu criei o Numanice – o R&B tem potencial para crescer e conquistar seu espaço. Cam Girl mistura R&B, trap e funk, unindo um gênero ainda em desenvolvimento com ritmos já fortes no país. Essa combinação não é só uma decisão estratégica, mas algo que gosto de fazer. Minha intenção é mostrar que o R&B pode dialogar com a música que o brasileiro já ama e afirmar seu lugar na cena musical do país.

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O que seus fãs podem esperar da sua performance neste ponto de liderança do The Town? Esse show vai ser um portal para minha nova era. O pontapé inicial veio com Paraíso em junho, depois lancei Cam Girl no fim de agosto, mas o The Town vai ser um divisor de águas. Posso adiantar que será um grande spoiler do que venho construindo há mais de um ano com muito carinho e dedicação.

Como você enxerga a importância de ocupar pela primeira vez o espaço de headliner do palco The One? É muito simbólico estar ali, porque venho de uma realidade onde não parecia possível chegar tão longe. Sou uma mulher preta, periférica, e cada vez que subo em um palco desse tamanho é uma forma de abrir caminho para outras mulheres como eu. Também é uma chance de legitimar gêneros que ainda precisam de espaço. No ano passado, levei o pagode pela primeira vez ao Palco Mundo do Rock in Rio e também para o palco principal do Coachella. Desta vez, venho com o R&B como mais um movimento de expansão, de mostrar que a música brasileira é diversa, criativa e capaz de dialogar com qualquer ritmos de qualquer parte do mundo sem perder sua identidade.

Qual foi o episódio mais marcante nos palcos ao longo da sua carreira? Foram vários. Desde o Rock in Rio 2022 venho me dedicando a criar grandes espetáculos, inspirada nas performances que assistia quando sonhava estar nesses palcos. Mas o Coachella foi um marco histórico. Ser a primeira cantora preta da América Latina a comandar o palco principal foi muito mais do que um show, foi um momento de representatividade e conquista que vou carregar para sempre.

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A sua carreira está sempre se reinventando. Tem algo novo que você sonha em explorar? Sempre me vejo em movimento. Ainda tenho vontade de experimentar outros gêneros musicais, colaborar com outros artistas e levar minha arte para novos lugares. A música me permite essa liberdade e eu quero continuar me reinventando, sem medo de arriscar.

Recentemente, você fez o show de despedida do Numanice, projeto que lhe rendeu um Grammy. O que essa turnê significou para você? Sou muito grata a Deus e ao público por terem abraçado esse projeto de uma forma tão especial. Mas, também, agradeço a mim mesma por ter acreditado nele desde o primeiro segundo. Eu nunca tive dúvidas de que daria certo e se tornaria um grande sucesso, mesmo com várias pessoas desacreditando de mim. É claro que minhas expectativas foram superadas, e o Numanice acabou se tornando um divisor não só na minha carreira, mas também para a música brasileira – reposicionou o pagode no mainstream, movimentou milhões de reais em uma turnê histórica, gerou milhares empregos e arrecadou toneladas e mais toneladas de alimentos. Foi, sem dúvida, uma das experiências mais transformadoras da minha trajetória.

Você acha que já chegou no auge da sua carreira? O que você sonha em fazer, mas que ainda não conseguiu realizar? Não acredito em “auge” como um ponto final. Cada conquista me leva a sonhar mais alto. Já realizei muitas coisas que pareciam impossíveis, mas ainda tenho muito o que viver. Sonho em fazer turnês maiores, em conquistar novos prêmios, continuar surpreendendo meu público com projetos que emocionem e façam história. Também quero seguir sendo uma voz de representatividade, abrindo caminhos para outros artistas e inspirando pessoas a acreditarem nos próprios sonhos, assim como eu acreditei nos meus.

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