Novas análises de dados da sonda Cassini da Nasa revelaram a presença de moléculas orgânicas complexas nos gêiseres de gelo que irrompem da lua Encélado, de Saturno. Essa descoberta reforça a ideia de que o oceano oculto deste mundo gelado possui condições adequadas para o surgimento de vida.
Cientistas reexaminaram os dados coletados pelo espectrômetro de massa da Cassini, obtidos quando a sonda voou através das plumas de vapor d’água e grãos de gelo ejetados das fraturas na região polar sul de Encélado. Esses jatos fornecem amostras naturais do oceano subterrâneo.
Além dos compostos orgânicos mais simples previamente detectados, a nova investigação identificou moléculas menores e solúveis, precursoras potenciais de blocos de construção biológicos. Entre as substâncias agora reconhecidas estão o cianeto de hidrogênio (HCN), acetileno, propileno e etano.
O significado deste achado reside no papel essencial dessas moléculas na química prebiótica. Em particular, o cianeto de hidrogênio (HCN) é frequentemente teorizado como um componente essencial na formação de aminoácidos e é considerado o ponto de partida para a maioria das teorias sobre a origem da vida. No caso de Encélado, as moléculas recém-descobertas incluem compostos nitrogenados e oxigenados, que na Terra fazem parte das reações químicas que geram aminoácidos – os blocos construtores da vida.
Ambiente promissor
Com essa evidência, Encélado se destaca como um dos alvos mais promissores para a busca de vida fora da Terra. Isso porque ele possui os três ingredientes essenciais para a vida como a conhecemos: água líquida (em seu oceano salgado subterrâneo), materiais orgânicos (como os recém-descobertos), e uma fonte de energia. A energia é possivelmente fornecida por fontes hidrotermais no fundo do oceano, onde a interação entre água e rocha gera hidrogênio molecular, um combustível químico capaz de sustentar vida microbiana, de forma semelhante ao que ocorre em ambientes análogos na Terra.
A presença abundante desses blocos de construção reativos é considerada um “sinal verde” para a investigação da habitabilidade de Encélado, incentivando o desenvolvimento de futuras missões espaciais para estudar a composição química do oceano em maior detalhe.