A cidade de Londres pode enfrentar em breve restrições no uso da água devido à persistência do tempo seco e às altas temperaturas.
A Thames Water, responsável pelo fornecimento para cerca de 16 milhões de pessoas, considera implementar medidas como a proibição do uso de mangueiras (conhecida como hosepipe ban) para garantir o abastecimento essencial.
“Se a situação não mudar de forma significativa, teremos que impor restrições para manter a continuidade do serviço”, afirmou um porta-voz da empresa.
O Reino Unido já teve um início de verão excepcionalmente quente e seco, e as temperaturas devem voltar a subir nos próximos dias.
A previsão do Met Office, o serviço meteorológico nacional, indica que Londres pode alcançar os 32 °C até sexta-feira, temperatura incomum no Reino Unido.
O aumento da demanda por água é perceptível: em cidades como Swindon e Oxfordshire, o consumo no fim de junho superou os níveis registrados durante a seca histórica de 2022.
A combinação de calor intenso e baixa umidade tem pressionado os sistemas de abastecimento, obrigando as empresas a agir.
Em meio ao agravamento do cenário, o Reino Unido vive um padrão climático cada vez mais extremo.
O aquecimento global tem alterado o regime de chuvas e intensificado as ondas de calor, tornando episódios como esse mais frequentes.
As companhias de água vêm investindo em novos reservatórios e no conserto de vazamentos, já que grandes volumes ainda são perdidos diariamente na rede de distribuição.
O norte do país já sente os impactos. Nesta semana, a Yorkshire Water, responsável pelo fornecimento no nordeste da Inglaterra, foi a primeira a anunciar uma proibição oficial do uso de mangueiras em 2025.
A medida proíbe os moradores de regarem jardins, lavarem carros ou encherem piscinas. Segundo a empresa, os níveis dos reservatórios não se recuperaram desde janeiro, após a primavera mais seca já registrada.

Em maio, a região de Yorkshire ficou 22 dias consecutivos sem chuva, o que levou a Agência Ambiental do Reino Unido a declarar uma situação oficial de seca.
Ao fim daquele mês, os reservatórios operavam com apenas 63% da capacidade, uma queda significativa em relação aos 94% registrados em maio de 2024.
No mesmo período, autoridades ambientais britânicas já haviam pedido que as empresas adotassem medidas preventivas urgentes para reforçar o abastecimento, diante do verão mais seco desde 1893.
Europa é o continente mais afetado pelo aquecimento global
A situação no Reino Unido reflete uma tendência mais ampla que afeta todo o continente europeu, o que vem sendo confirmado por diversos estudos climáticos.
A Europa é o continente que mais se aquece no mundo. Segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM) e o programa Copernicus da União Europeia, as temperaturas médias na Europa aumentaram cerca de o dobro da média global nos últimos 30 anos.
Esse aquecimento acelerado se deve a uma combinação de fatores, incluindo sua posição geográfica, próxima ao Ártico, uma das regiões que mais rapidamente perdem gelo, e à densa urbanização, que intensifica os efeitos das ondas de calor.
Além disso, mudanças na circulação atmosférica, como o enfraquecimento da corrente de jato, têm favorecido a permanência de sistemas de alta pressão e períodos prolongados de clima seco e quente.
Neste verão de 2025, dezenas de países enfrentam eventos extremos.
Na Alemanha, termômetros já ultrapassaram os 40 °C em várias cidades. Na Espanha e na Itália, longos períodos de calor intenso têm levado a alertas de saúde pública e ampliado o risco de incêndios florestais.
Em Paris, o governo implementou restrições temporárias para o uso de água e ampliou os centros de resfriamento para acolher moradores em situação de vulnerabilidade.
As noites também têm sido excepcionalmente quentes, dificultando a recuperação térmica da população e agravando problemas de saúde, especialmente entre idosos e pessoas com doenças respiratórias.
O fenômeno, conhecido como “noites tropicais”, tem se tornado mais comum mesmo em regiões tradicionalmente temperadas.
O calor extremo já afeta a produtividade agrícola, o abastecimento hídrico e a infraestrutura urbana em diversos países europeus.
Especialistas alertam que, sem medidas urgentes de adaptação e redução de emissões, o continente continuará a enfrentar verões cada vez mais quentes, longos e perigosos.