A recente polêmica envolvendo o humorista Léo Lins, que foi condenado a oito anos e três meses de prisão por falas consideradas criminosas – além da suposta piada sobre a morte de Preta Gil – reacendeu o debate sobre os limites do humor. O tema divide opiniões, especialmente entre artistas que são do núcleo da comédia. A coluna GENTE reuniu alguns nomes que já se posicionaram sobre o assunto, seja a favor ou contra.
A favor de limites
Marisa Orth. A atriz falou sobre o tema em entrevista à coluna GENTE no início de julho. Segundo Marisa, é uma questão complicada pelo fato de ser “muito agressivo”. “Tem umas coisas ali que são muito racistas, homofóbicas, pedófilas, de um mal gosto, de uma crueldade. Acho cruel. Fazer piada com boate Kiss? Jura? Não, é falta do que fazer. É falta de ideia para fazer piada boa”, refletiu.
Dani Calabresa. Na época em que veio à tona a condenação de Lins, a humorista se posicionou contra as piadas preconceituosas e que atacam minorias, mas não concordou que a solução seja prendê-lo.
Marcos Veras. Anos antes de acontecer o caso de Léo Lins, o artista já havia falado sobre os limites do humor. Para ele, a justificativa de que “era só uma piada” é errada e que se racismo e homofobia são crimes, não devem ser comédia.
Contra limites
Hélio de La Pena. Para o ex-integrante do Casseta & Planeta, tudo é uma questão de interpretação por parte do público e que o limite do humor deve ser estabelecido entre comediante e plateia. Segundo o artista, o StandUp é um novo tipo de humor no Brasil e cada um tem sua maneira de fazer.
Renato Albani. Conhecido pelo StandUp semelhante ao feito por Léo, o comediante já afirmou que não concorda com a proibição da piada e ninguém pode dizer o que é arte ou não. “Filme falando sobre assassinato é arte, livro falando sobre assassinato é arte, mas um comediante, ai você está tocando num ponto onde não pode. É uma falta de instrução das pessoas acharem que comédia não é arte.’’ O comediante disse que a prisão do Leo é o começo do fim, de dizer quem pode e o que não pode.
Rafinha Bastos. O ex-CQC comparou a situação de Léo Lins com piadas problemáticas de personagens interpretadas por Adriana Esteves e Debora Bloch, por exemplo. Em uma publicação no Instagram, ele ironizou o tema ao lembrar de frases preconceituosas das vilãs Carminha, vivida por Esteves em Avenida Brasil (2012), e Odete Roitman, interpretada por Debora Bloch no remake de Vale Tudo. E completou: “Beatriz Sagal morreu antes e não pagou pelo o que prometeu”.
*Com Tatiana Moura