Às vésperas da entrada em vigor de tarifas punitivas de 50% sobre produtos brasileiros exportados aos Estados Unidos, o Brasil enviou uma delegação parlamentar a Washington. O grupo, composto por oito senadores de diferentes partidos, incluindo dois ex-ministros de Jair Bolsonaro, tenta abrir canais de diálogo com empresários e congressistas americanos. Mas o tempo é curto, o acesso restrito e o impacto prático incerto.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), foi direto: “Eu acho que não [é possível adiar]”, disse ao ser questionado sobre a chance de postergar o início da tarifa, previsto para 1º de agosto. “O que a gente está fazendo é diplomacia parlamentar. É preciso que os governos se entendam.” A missão, portanto, está mais para gesto simbólico do que para negociação de fato.
A comitiva, presidida por Nelsinho Trad (PSD-MS), inclui os ex-ministros de Bolsonaro, como Tereza Cristina e Marcos Pontes, e senadores governistas como Rogério Carvalho (PT-SE) e Jaques Wagner. Apesar da pluralidade política, a iniciativa não conta com nenhum encontro oficial agendado com membros do Executivo americano. A agenda concentra-se em reuniões com a Câmara de Comércio dos EUA, senadores do Congresso (ainda não confirmados publicamente) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A ausência de encontros com representantes da Casa Branca ou do Departamento de Comércio é um mau presságio.
Nos bastidores, o governo Lula tenta usar a influência do setor privado americano como canal indireto de pressão. A aposta é que grandes importadores de produtos brasileiros, como siderúrgicas e fabricantes de alimentos, possam alertar a equipe de Trump sobre os custos econômicos da medida. Mas essa tática esbarra em outro obstáculo: a atuação ativa de Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente, que tem feito lobby para manter ou até ampliar as sanções contra o Brasil.
