A festa de aniversário de 18 anos de Lamine Yamal, a jovem estrela do Barcelona e uma das principais promessas do futebol espanhol, tornou-se o centro de uma grande polêmica, levando o governo a solicitar uma investigação. O motivo é a contratação de pessoas com nanismo para a festa, o que gerou forte condenação por parte de associações de direitos de pessoas com deficiência.
A festa, realizada no último sábado, 12, contou com a presença de mais de 250 convidados, incluindo companheiros de equipe e celebridades musicais como Bizarrap e Bad Gyal. Chamou atenção a presença de artistas com nanismo. Um deles deu entrevista a um telejornal de Portugal afirmando que Lamine o tratou muito bem. “Não houve incidentes, muito pelo contrário. Dançamos, distribuímos bebidas, nos divertimos, fizemos mágica, havia uma grande variedade de entretenimento”. Ele enfatizou: “Não somos animais de circo; temos limites claros. Por que não posso ser um artista? É só por causa da minha condição física?”. O rapper dominicano Chimbala, de baixa estatura, também postou um vídeo cantando ao lado de Yamal na festa.
Apesar da defesa dos artistas, a Associação de Pessoas com Acondroplasia e Outras Displasias com Nanismo (ADEE) da Espanha manifestou sua queixa e anunciou que tomará medidas legais. Em comunicado oficial, a ADEE classificou a prática como “inaceitável”, pois “perpetua estereótipos, alimenta a discriminação e prejudica a imagem e os direitos das pessoas com nanismo e de toda a comunidade de pessoas com deficiência”. A presidente da ADEE, Carolina Puente, sublinhou que a participação de figuras públicas como Yamal agrava a situação, pois “transmite à sociedade — especialmente aos jovens — que a discriminação é aceitável”.
COMUNICADO OFICIAL | La Asociación de Personas con Acondroplasia y Otras Displasias Esqueléticas con Enanismo denuncia la contratación de personas con enanismo como entretenimiento en la fiesta de Lamine Yamal.
Actuaremos por la vía legal y social.https://t.co/cAjEH0Fm03— Asociación ADEE (@adee_esp) July 13, 2025
Em resposta à denúncia da ADEE, o Ministério dos Direitos Sociais da Espanha “solicitou ao Ministério Público que investigue se a lei e, portanto, os direitos das pessoas com deficiência foram violados”. A investigação visa esclarecer se as pessoas com nanismo foram “desonradas” no evento. A Lei Geral dos Direitos das Pessoas com Deficiência do país proíbe expressamente “espetáculos ou atividades recreativas em que pessoas com deficiência ou em outras circunstâncias sejam usadas para provocar zombaria, ridículo ou escárnio do público de forma contrária ao respeito à dignidade humana”.
Jesús Martín, Diretor Geral para os Direitos da Deficiência, afirmou que usar pessoas com nanismo como entretenimento as “objetifica” e “remete à Idade Média”. Ele também alertou para um possível “efeito rebote” sobre os adolescentes, destacando que figuras públicas como Yamal deveriam atuar como aliadas na construção de uma “cultura de respeito”. Caso seja comprovada a violação da lei, os responsáveis podem enfrentar multas significativas, variando entre 600.000 euros e 1.000.000 de euros. Embora a lei não imponha sanções diretas, ela proíbe claramente tais atividades.