A Justiça francesa concedeu nesta segunda-feira, 10, liberdade condicional ao ex-presidente Nicolas Sarkozy, preso no dia 21 de outubro por formação de quadrilha em um processo por financiamento ilegal de sua campanha presidencial com dinheiro do ex-ditador líbio Muammar Gaddafi. Um tribunal de Paris ordenou que ele seja colocado sob “supervisão judicial” enquanto aguarda o julgamento do recurso contra a condenação.
A TV francesa BFM reportou que ele será libertado da prisão ainda nesta tarde.
O recurso da defesa do ex-mandatário francês contra a detenção alegou que Sarkozy não oferece risco de fuga, perigo à sociedade ou intimidação de testemunhas — portanto, de acordo com a lei francesa, ele deveria responder às acusações em liberdade até que todos os recursos do processo sejam julgados.
O tribunal, de fato, concluiu que não havia “risco de ocultação de provas, pressão ou conluio”, tornando “a detenção continuada injustificada”.
Após o veredicto desta segunda, um dos advogados de Sarkozy, Christophe Ingrain, afirmou que este era apenas o primeiro passo e que “o próximo passo é o julgamento do recurso”.
“E o nosso trabalho agora, para Nicolas Sarkozy e para nós, é preparar-nos para essa audiência de recurso”, disse ele.
O filho do ex-chefe de Estado, Louis, comemorou a decisão do tribunal publicando uma foto de sua infância com o pai, acompanhada de um breve comentário: “Viva a liberdade!”
Sarkozy, porém, estará sujeito a uma série de medidas cautelares rigorosas. De acordo com o portal France Info, ele ficou proibido de deixar a França e de contatar outros réus no caso, bem como o ministro da Justiça, Gérald Darmanin, que o visitou na prisão durante seu breve período de encarceramento — uma cena que gerou controvérsia.
Condenação
Aos 70 anos de idade, Nicolas Sarkozy governou a França entre 2007 e 2012 e é o primeiro ex-presidente na história recente do país a ser, efetivamente, preso. Em condenações anteriores, ele conseguiu reverter as sentenças de detenção ao uso de tornozeleira eletrônica, escapando da cadeia enquanto respondia a outras acusações.
As principais denúncias de corrupção contra Sarkozy envolvem o financiamento irregular de sua campanha presidencial, em 2007, com fundos vindos do ex-ditador da Líbia, Muammar Gaddafi. A suspeita é de que assessores próximos do francês tenham negociado o patrocínio com aliados do líder autoritário líbio, morto em 2011 durante uma operação militar chefiada pelos Estados Unidos.
Além da campanha de 2007, as autoridades francesas apontam indícios de corrupção também no financiamento da candidatura de Sarkozy à reeleição, em 2012, quando foi derrotado por François Hollande. A esposa de Sarkozy, a modelo internacional e cantora franco-italiana Carla Bruni, também é alvo das investigações contra seu marido.
