A Justiça Federal em Santos (SP) absolveu Pasquale Bifulco, conhecido como Spaghetti, e apontado como membro da máfia calabresa ‘Ndrangheta por promotores da Itália, por falta de provas em um processo aberto em 2015 sobre associação e tráfico de drogas. Segundo decisão da 6ª Vara Federal, não há provas de que o italiano tenha participado de remessa de 80 kg de cocaína do porto paulista para Gioia Tauro, principal entrada marítima italiana na região da Calábria.
Em um dos pontos da decisão, a juíza Lisa Taubemblatt cita que não ficou comprovado o envio de drogas à Itália por meio de ocultação. “Não há nos autos desta ação penal e/ou nos apensos documento algum que faça referência ao navio e contêiner que, em tese, transportaram a tal cocaína até a Itália. Na hipótese de a cocaína não ter sido embarcada em contêiner (e ter seguido em outro compartimento qualquer, já que se cuida de 80 quilogramas), restou sem identificação a correlata embarcação em que (em tese) rumou para a Europa”, citou em trecho da decisão a magistrada. “Ausente dos autos, tampouco, qualquer declaração e/ou documento oficial oriundo de país estrangeiro, no caso a Itália, acusando a chegada/atracação em seu território dos 80 kg de cocaína. Os autos não trazem quaisquer documentos italianos e/ou do Porto de Gioia Tauro e/ou de autoridades judiciárias/policiais da Itália acerca dos (pretensos) fatos”, escreveu.
O caso teria ocorrido em 2013 e, segundo investigação da Polícia Federal, Bifulco viajou para o Brasil e entrou no país por meio do Aeroporto de Guarulhos, na Grande São Paulo, sendo registrado por câmeras de segurança. Ele fora apontado como um dos maiores compradores de drogas da América do Sul. No caso específico, de acordo com a decisão, não há ainda fotografias, laudo preliminar de constatação ou perícia criminal federal sobre a droga apreendida. “É, portanto, desconhecida a natureza e qualidade da droga”, disse a juíza em outro trecho da sentença.

Em 2014, Bifulco foi preso na região de Lima, capital do Peru, mas foi solto posteriormente diante do término de prazo de prisão temporária no país. A Itália tentava extraditá-lo para responder processos envolvendo a suposta atuação junto à ‘Ndrangheta. No ocasião, segundo nota emitida pelas autoridades policiais italianas, Bifulco é considerado “um profissional do crime”. Ele contava com apoio logístico em Nápoles (Campanha), Turim (Piemonte), na Calábria e na América do Sul.