Junho de 2025 foi o terceiro mês de junho mais quente já registrado no planeta, segundo dados divulgados na terça-feira 8 pelo Copernicus, observador ligado à União Europeia que monitora as mudanças climáticas globais.
Com 1,30°C acima da média do período pré-industrial (entre 1850 e 1900), junho passado foi apenas o terceiro mês nos últimos dois anos em que a elevação da temperatura global ficou abaixo de 1,5°C – o limite de aquecimento estabelecido pelo Acordo de Paris, assinado em 2015. Ainda segundo o levantamento, a temperatura média do ar no mundo foi de 16,46°C, quase meio grau acima da média histórica para o mês (1991–2020).
Apesar de não ter superado os recordes de junho de 2024 e 2023, cientistas alertam que a tendência de aquecimento segue firme, e com impactos cada vez mais visíveis.
“Junho de 2025 foi marcado por uma onda de calor excepcional em partes da Europa Ocidental, com estresse térmico muito forte em várias regiões. E esse fenômeno foi agravado por temperaturas recordes no Mar Mediterrâneo ocidental”, disse em comunicado Samantha Burgess, líder de Estratégia Climática do ECMWF, centro que coordena os dados do Copernicus.
Combinação de extremos
O observatório ressaltou que o último mês foi marcado por temperaturas extremas nos hemisférios sul e norte. Grande parte da Europa, América do Norte, Ásia Central e porções da Antártica Ocidental tiveram temperaturas acima da média; enquanto isso, regiões como Argentina e Chile foram afetadas por um frio fora do comum para a época. Partes da Índia e da Antártica Oriental também tiveram temperaturas abaixo do esperado.
A combinação de extremos é, segundo os cientistas, um reflexo do desequilíbrio que se intensifica no sistema climático do planeta. E eventos isolados de frio não impedem que a tendência seja de aquecimento global severo.
“Em um mundo em aquecimento, as ondas de calor provavelmente se tornarão mais frequentes, mais intensas e afetarão mais pessoas em toda a Europa”, completou Burgess.
Os oceanos também passaram por condições extremas no último mês, com destaque para o Mediterrâneo Ocidental. Lá, uma onda de calor marinha excepcional levou a região a registrar, no último dia 30, 27°C – a maior temperatura média diária da superfície do mar já observada em um mês de junho. Ou seja, 3,7°C acima da média histórica, a maior anomalia já registrada para a área em qualquer mês.
Essa elevação das temperaturas no Mediterrâneo foi fundamental para a intensificação da onda de calor que atingiu países como Grécia, Portugal, Espanha e França no fim do mês.