Desde pequena, a brasiliense Júlia Almeida, 35, zanzava pelos salões e observava o batalhão de mulheres cozinhando nos restaurantes por quilo da mãe. Naquela época, não olhava para a comida como um futuro profissional. O que a levou para o fogão foi o desejo de sair de casa e desbravar o mundo. Para bancar o sonho, fez um curso de confeitaria especializado em bolos e passou a vendê-los para juntar uma graninha. Tomou gosto e, aplicada que é, foi buscar conhecimento.
Formou-se no Centro Universitário IESB e partiu para São Paulo, onde ficou oito anos lapidando seu talento com chefs que admirava: Helena Rizzo (Maní), Jefferson Rueda (no extinto Attimo), Alex Atala (D.O.M.) e Carla Pernambuco (Carlota). “Fiz uma lista e disse a mim mesma que só voltaria depois que trabalhasse com todos”, recorda. Etapa vencida, era hora de partir para uma experiência internacional. Com a Europa inviável financeiramente, partiu, de ônibus, para Lima. Lá, trabalhou por um ano no Astrid y Gastón — “ali conheci o cuidado extremo com os insumos” — e estagiou no Central e no Maido, ambos já ranqueados como número 1 do mundo pelo 50 Best Restaurants.
De volta a Brasília, em 2018, deu aulas — ofício que segue exercendo — até assumir sua primeira cozinha, a do Almería, onde ficou quatro anos. À frente do Terra Nova Brasília, aberto em setembro no anexo II do Palácio Itamaraty, Júlia tem desenvolvido uma cozinha brasileira a partir da tradição popular, mas com olhar próprio. “Não gosto do termo comida afetiva, porque é muito particular. Procuro fazer o que gosto de comer, mas com técnica, valorizando o ingrediente”, ressalta a cozinheira, que, ao revisitar clássicos como frango com quiabo e carne de sol com mandioca, se consagra a chef revelação por VEJA BRASÍLIA COMER & BEBER 2025/2026.
Leia a resenha do Terra Nova Brasília.