Pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 17, mostra que o julgamento da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado fortaleceu na população a percepção de que houve sim uma trama para atentar contra a democracia — e que o ex-presidente Jair Bolsonaro participou ativamente da conspiração.
Do total de entrevistados, 55% dizem acreditar na tentativa de golpe, que foi negada por Bolsonaro, condenado a 27 anos e três meses de cadeia na semana passada. Em dezembro, o percentual era de 50%. No mesmo período, manteve-se estável o contingente daqueles que rechaçam a tese golpista: 38%.
Da virada do ano para cá, também cresceu a parcela dos entrevistados para quem Bolsonaro participou do plano que, segundo os ministros do STF, foi colocado em marcha para mantê-lo no poder. Em dezembro, eles eram 47%. Em agosto, já na fase das alegações finais do processo, 52%. Em setembro, 54%.
O levantamento revela ainda um aumento na crença de imparcialidade no julgamento realizado pelo Supremo. Em março, 37% dos entrevistados diziam que o processo era tocado de forma imparcial. Em agosto, 36%. Agora, 42%. Já o percentual de quem acusa a Corte de perseguição caiu de 52% em agosto para 47% em setembro.
Pena exagerada
Cumprindo prisão domiciliar por suposta obstrução de Justiça, Bolsonaro recorrerá ao STF contra a pena imposta a ele. Segundo a pesquisa, 49% afirmam que a condenação a 27 anos e três meses de prisão é exagerada, enquanto 35% consideram a pena adequada.
No caso das demais sanções, é sempre maior a fatia de quem considera adequadas — e não exageradas — as restrições impostas ao ex-presidente: uso de tornozeleira eletrônica (48% a 35%), inelegibilidade (47% a 35%) e prisão domiciliar (51% a 28%).
Diante do revés no Judiciário, aliados de Bolsonaro intensificaram a pressão para aprovar uma anistia ampla e irrestrita aos investigados e condenados por tentativa de golpe. A medida enfrenta resistência popular. Segundo a pesquisa Genial/Quaest, 41% são contra o perdão, enquanto 36% são favoráveis à iniciativa para todos, inclusive o ex-presidente.
