Um juiz de imigração dos Estados Unidos ordenou a deportação o ativista pró-Palestina Mahmoud Khalil, por trás dos protestos contra a guerra em Gaza na Universidade Columbia no ano passado, para a Argélia ou Síria, mostraram documentos judiciais divulgados pela União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) nesta quarta-feira, 17. A decisão, datada de 12 de setembro, afirma que Khalil ocultou informações na solicitação de green card, que concede status de residente permanente a imigrantes.
O juiz Jamee Comans alegou que o Khalil não revelou seus vínculos com a Agência das Nações Unidas para Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês) e com o grupo ativista Columbia University Apartheid Divest, que defende um boicote econômico a Israel no pedido. A omissão foi definida pelo magistrado como uma “falta de franqueza” do requerente.
“Este Tribunal conclui que o Requerido deturpou intencionalmente fatos materiais com o único propósito de contornar o processo de imigração e reduzir a probabilidade de seus pedidos serem negados”, afirmou Comans.
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Sem esperanças
Os advogados de Khalil tem 30 dias, contando a partir de 12 de setembro, para apelar ao Conselho de Apelações de Imigração. Eles, no entanto, acreditam que o processo será rápido e ineficaz, já que “quase nunca” a decisão de deportação é revertida. De todo modo, a equipe jurídica do ativista destacou que uma ordem de um tribunal distrital federal no início deste ano proíbe o governo dos EUA de expulsar ou deter Khalil, um sírio que teme retaliações de Israel, enquanto o processo ainda está em trâmite.
Em declaração publicada pela ACLU, ele acusou a administração Trump de usar “táticas fascistas” para retaliá-lo pelo “exercício de liberdade de expressão”, dizendo: “Quando sua primeira tentativa de me deportar estava fadada ao fracasso, eles recorreram à fabricação de alegações infundadas e ridículas em uma tentativa de me silenciar por falar abertamente e permanecer firme ao lado da Palestina, exigindo o fim do genocídio em curso (na Faixa de Gaza)“. Khalil era estudante de pós-graduação em Columbia.
O ativista foi preso em Nova York em 8 de março e permaneceu detido até 20 de junho. A esposa dele, uma cidadã americana, estava grávida e Khalil perdeu o nascimento do filho. O Secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, invocou a Lei de Imigração e Nacionalidade, de 1952, para alegar que sua presença nos Estados Unidos poderia representar “consequências adversas potencialmente sérias para a política externa”. A Casa Branca acusa Khalil de antissemitismo e de apoiar o grupo palestino radical Hamas.