Depois de quase uma década com o registro da OAB cancelado e sem escritório, o petista José Dirceu voltou ao jogo. Recentemente, abriu um pequeno escritório em Brasília, o “Jose Dirceu Sociedade Individual de Advocacia”, num antigo prédio comercial na Capital Federal, depois de ter reabilitado sua carteira na seccional da Ordem em São Paulo — com registro suplementar no DF — e ter atuado em bancas de amigos.
Criado em maio, o novo negócio de Dirceu é pequeno no capital social — 20.000 reais –, mas grande — muito grande — no potencial de influência política nos gabinetes de Brasília, o que sempre rendeu um bom dinheiro ao petista. Na Lava-Jato, as consultorias a mais de 50 empresas de Dirceu renderam 29 milhões de reais.
Os clientes do novo negócio são mantidos em sigilo, mas sabe-se que ele é procurado por grandes empresas com interesses no país, incluindo multinacionais com investimentos bilionários, desde que Lula voltou ao Planalto.
Uma delas, que contou com a ajuda do petista, já no governo Lula, para conseguir uma agenda com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, foi a EuroChem, uma gigante europeia de fertilizantes. A carta com o pedido de audiência foi enviada pelo próprio Dirceu, pelo WhatsApp, a auxiliares de Haddad.
O episódio ilustra o poder do petista na gestão de Lula e como ele continua abrindo portas na máquina pública, como nos velhos tempos.
O novo escritório de Dirceu fica num endereço conhecido dos políticos, na Asa Sul, em Brasília. Foi esse mesmo lugar que ele utilizou, por semanas a fio, como uma espécie de QG das articulações de apoio à candidatura de Lula ao Planalto, em 2022.
Além de voltar ao universo da advocacia, Dirceu pretende iniciar uma nova história na política, sendo candidato em 2026, como já deixou claro em conversas com aliados. A busca por uma cadeira na Câmara dos Deputados seria uma missão dada a ele por Lula.
A vitória eleitoral seria uma forma de, a exemplo de Lula, resgatar a biografia do líder petista, que foi poderoso ministro do governo, um dos maiores articuladores políticos do PT, mas acabou condenado e preso por envolvimento em dois escândalos de corrupção que ficaram na história do Brasil: o Mensalão e o Petrolão.