Aviões com alimentos enviados pelos governos da Jordânia e dos Emirados Árabes Unidos pousaram em três cidades da Faixa de Gaza neste domingo, 27. A entrega ocorre em meio à “pausa tática” anunciada pelo governo de Israel para permitir a entrada de ajuda humanitária às vítimas da guerra contra o Hamas na Palestina.
Três carregamentos foram despejados sobre as cidades de Gaza, Deir al-Balah e Muwasi neste domingo, totalizando 25 toneladas de “alimentos e itens de necessidade básica”, segundo as Forças Armadas da Jordânia. O comunicado não informa se haverá novas entregas de ajuda humanitária nos próximos dias.
A ajuda dos países árabes foi mobilizada após o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciar no sábado, 26, que os ataques serão suspensos por dez horas diárias para “garantir a entrada de suprimentos humanitários mínimos”. Os intervalos, chamados pelo governo israelense de “pausas táticas”, ocorrerão diariamente das 10h às 20h “até segunda ordem”.
Além da suspensão programada da ofensiva, as Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) informaram que serão criadas “rotas seguras” para a entrada de comboios de ajuda humanitária. Apesar da medida, a Agência da ONU para Assuntos Humanitários afirma que as entregas vêm sendo prejudicadas, nos últimos meses, pelo alto risco à segurança dos voluntários, devastação da infraestrutura de transportes em Gaza e falta de cooperação pelas forças israelenses.
Mortes por desnutrição em Gaza geram alerta global
De acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, ao menos seis pessoas morreram de fome nas últimas 24 horas, incluindo uma menina de dez anos. Desde o início do confronto entre Israel e o grupo palestino Hamas, em 7 de outubro de 2023, já foram confirmados 133 óbitos por desnutrição nos territórios palestinos.
Após o anúncio da pausa nos ataques israelenses, o diretor-geral do ministério palestino da Saúde, Munir al-Bursh, fez um apelo pela colaboração global no envio de comida e mantimentos básicos para a população atingida pela guerra, em meio à escalada da desnutrição em Gaza. “Esta trégua humanitária não significará nada se não se tornar uma oportunidade real de salvar vidas. Cada atraso é medido por um novo funeral”, declarou.
Em reação aos intervalos nos ataques israelenses, o governo do Reino Unido declarou, por meio do ministro de Relações Exteriores, David Lammy, que a permissão para entrada de ajuda é “essencial, mas muito atrasada”, e que as entregas aéreas “não bastam para aliviar as necessidades daqueles que sofrem desesperadamente em Gaza”. Já o chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, informou neste domingo que ligou para o premiê Benjamin Netanyahu para cobrar avanços em direção a um cessar-fogo duradouro.