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Jimmy Kimmel tem direito de falar tudo – mas não de garantir emprego

As cadeiras estão sumindo rápido na grande e acalorada dança que tomou os Estados Unidos depois do assassinato do influenciador Charlie Kirk. Embora pelos motivos mais errados do mundo, existe um debate esclarecedor sobre um assunto eterno: o que pode e o que não pode ser dito em público. A suspensão do humorista Jimmy Kimmel acirrou esta discussão a níveis de altíssima intensidade.

Ele tinha direito de dizer o que disse – uma mentira, a de que Tyler Robinson, o assassino de 22 anos, é na verdade um trumpista alinhado com a turma Maga? Tinha, pelo artigo primeiro da constituição americana, sem dúvida nenhuma. Inclusive o direito de ofender e chocar o público. Mas os empregadores – a rede de televisão ABC – não são obrigados a garantir essa livre manifestação, da mesma forma que muitas instituições estão demitindo professores, alunos, médicos e outros profissionais que postam manifestações de regozijo pelo assassinato do influenciador de direita.

Se Jimmy Kimmel processar a ABC, a ação pode virar um dos grandes debates de todos os tempos. Ou simplesmente ser encerrada sem maiores desdobramentos – o humorista não fez uma piada, mas expressou algo comprovadamente mentiroso. Depois da falsa afirmação, ele até fez comentários engraçados sobre a reação de Donald Trump ao assassinato de alguém tão próximo de sua família – o presidente rapidamente mudou de assunto e começou a falar do grande salão de baile que está construindo na Casa Branca. “Ä reação de um menino de quatro anos chorando pela morte do peixinho de aquário”, provocou Kimmel.

É claro que as opiniões se dividem segundo as simpatias partidárias: os progressistas estão transformando Kimmel num mártir da liberdade de expressão e denunciando seus antagonistas como hipócritas que só defendem a livre manifestação quando é favorável a seu lado. A direita, obviamente, está extática – em circunstâncias normais, jamais imaginaria que alguém como Kimmel pudesse ser punido.

SEGURANÇA REFORÇADA

Claro que as circunstâncias atuais nos Estados Unidos estão longe da normalidade. Desde o chocante assassinato de Kirk com uma bala que traspassou sua carótida, o país vive em estado de convulsão, tanto pelo horror do crime em si, quanto pelas comemorações que demonstraram um profundo desprezo pela vida – e a raiva diante da impressionante eficácia de Kirk em derrotar os argumentos de adversários em qualquer campus universitário em que se apresentasse.

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É possível discordar e até mesmo execrar muitos dele, mas não deixar de ver como funcionava. E, ironicamente, continuam funcionando, atraindo depois do assassinato muitos adeptos que mal o conheciam antes.

Alguns integrantes do meio artístico se manifestaram em favor de Jimmy Kimmel, na maioria da lista C, mas em quantidade muito menor do que se esperaria. Na verdade, muitas pessoas envolvidas no debate público estão com medo, tanto da reação do público como de potenciais imitadores de Tyler Robinson..

Charlie Kirk andava com seis seguranças e havia mais seis policiais na praça da universidade onde ninguém percebeu o perigo óbvio de que um prédio próximo fosse usado como plataforma por um atirador – como, aliás, aconteceu no atentado contra Donald Trump.

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Muitos comentaristas, de esquerda e de direita, estão aumentando a segurança – uma medida que pode chegar a custar 15 mil dólares por dia, considerando-se uma equipe de seis integrantes, a 150 dólares a hora cada um, isso se não tiverem qualificação profissional avançada, com formação em forças especiais como o Seals e similares.

Mas os mais eficientes seguranças do mundo podem falhar, como prova tantas vezes a história dos Estados Unidos.

HORA DA VIRADA

Às vezes, ao contrário, medidas simples podem funcionar, como mostrou a prisão do assassino de Kirk. Os pais de Tyler Robinson o identificaram como o atirador e, através da igreja mórmon, procuraram um amigo que havia sido policial. O amigo fez a intermediação e, com os pais junto, levou Robinson até a delegacia, sem cercos nem tiroteios, como estava muito próximo de acontecer. Um futuro julgamento pode esclarecer muitos aspectos ainda duvidosos.

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Charlie Kirk será enterrado no domingo e sua mulher, Erika, é a nova diretora do movimento que criou, Turning Point USA, ou Hora da Virada. Talvez os espíritos se desarmem em pouco depois disso, sem prejuízo do debate sobre liberdade de expressão – uma constante nas sociedades livres pois os temas envolvidos nunca são definitivamente resolvidos.

O caso de Kimmel, obviamente, tem múltiplos aspectos, inclusive a dura que a Comissão Federal de Comunicações deu na ABC. Não passou despercebido que o programa matutino da rede, apresentado por Whoopi Goldberg, especialista em trucidar Trump, não falou no assunto do humorista suspenso. A emissora, pertencente ao conglomerado Disney, numa venda de muitos bilhões que depende da aprovação da CFC.

Trump, que nunca deixa de ser Trump, comemorou a suspensão de Jimmy Kimmel como uma “grande notícia para a América”e sugeriu que os próximos sejam Seth Meyers e Jimmy Fallon. Felizmente, ele não tem o poder para fazer isso – embora as grandes emissoras estejam percebendo que os tempos mudaram e talvez seja hora de uma outra virada, com a reconquista do púbico mais conservador que perderam. Só não vale tentar exaltar Trump. Aí ficariam parecidas com similares de †terceiro Mundo.

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