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Japão caminha para recorde histórico de queda de nascimentos e amplia risco econômico

O Japão está prestes a registrar, em 2025, o menor número de nascimentos desde o início da série histórica, em 1899, aprofundando uma crise demográfica que já impacta diretamente a economia do país.

Projeções de demógrafos indicam que o total de bebês japoneses nascidos neste ano deve ficar abaixo de 670 mil, número inferior até mesmo às estimativas oficiais mais pessimistas do governo.

Caso se confirme, o patamar será atingido 16 anos antes do previsto nos cenários usados como base para o planejamento fiscal e econômico.

As projeções centrais do Instituto Nacional de Pesquisa sobre População e Seguridade Social, atualizadas em 2023, estimavam cerca de 749 mil nascimentos em 2025 e só previam a queda abaixo de 670 mil a partir de 2041.

A frustração das estimativas representa um revés para anos de políticas públicas voltadas a estimular casamentos e aumentar a taxa de natalidade, num país em que filhos fora do casamento ainda são raros. Em 2024, o Japão destinou cerca de US$ 23 bilhões a um plano de três anos para tentar reverter a tendência.

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Do ponto de vista econômico, o impacto é amplo. Com menos jovens entrando no mercado de trabalho e mais idosos dependendo de aposentadorias e serviços de saúde, cresce a pressão sobre as contas públicas, o sistema previdenciário e o potencial de crescimento do PIB. Em 2024, a população japonesa já havia encolhido em mais de 900 mil pessoas, combinação de menos nascimentos e mais mortes.

O número anual de casamentos caiu para menos de 500 mil, cerca de metade do pico registrado em 1972, o que reforça o cenário de retração demográfica de longo prazo. Segundo especialistas, os dados preliminares dos dez primeiros meses de 2025 sugerem uma queda de cerca de 3% em relação a 2024, marcando o décimo ano consecutivo de recorde negativo.

A crise ocorre em meio a um debate sensível sobre imigração. Embora economistas defendam a ampliação da entrada de estrangeiros como forma de mitigar a escassez de mão de obra, cresce a resistência política e social a essa alternativa, refletida no avanço recente de partidos populistas contrários à imigração.

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Em novembro, a primeira-ministra Sanae Takaichi instalou um grupo especial para tratar do tema populacional, classificando-o como o “maior problema” do país. Para analistas do mercado financeiro, no entanto, reconhecer oficialmente que o Japão está seguindo os cenários mais pessimistas exigiria rever projeções e admitir custos inevitáveis, como aumento de impostos e redução de benefícios futuros.

Além disso, demógrafos acompanham com cautela 2026, ano do “cavalo de fogo” no calendário astrológico japonês, historicamente associado à queda de nascimentos. Diferentemente de 1966, quando houve retração de 25%, especialistas avaliam que o efeito hoje tende a ser limitado, dado o distanciamento das novas gerações em relação a superstições.

Ainda assim, o quadro geral reforça um diagnóstico preocupante: a crise demográfica japonesa deixou de ser um risco futuro e passou a atuar como um freio concreto à economia, com efeitos estruturais sobre produtividade, consumo e sustentabilidade fiscal.

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