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Jair Bolsonaro, Flávio Bolsonaro e a bizarrice que não se diz

O ex-presidente golpista Jair Bolsonaro voltou a fazer uma das coisas que sabe fazer de pior: vestir política com roupa de religião. 

Na carta em que confirmou nesta semana Flávio Bolsonaro como seu escolhido para 2026, apela de novo ao vocabulário cristão, como se uma decisão de poder fosse uma espécie de missão divina. Não é detalhe estilístico — é método desde que fingiu ser evangélico pentecostal, mesmo sendo católico.

O Natal dá a essa encenação um sabor ainda mais cínico. 

A “entrega do filho” Flávio no dia do nascimento do Filho é a política convertida em parábola. O objetivo é simples: deslocar o debate do terreno racional para o terreno emocional, onde discordar vira quase blasfêmia. Ao menos para a maioria dos cristãos pentecostais brasileiros.

O problema é que isso se naturalizou no Brasil. A mistura entre púlpito e palanque, o uso de símbolos religiosos como blindagem moral, a tentativa de transformar adversários em inimigos do bem. Como se a democracia não fosse conflito legítimo, mas uma guerra espiritual permanente entre Deus e o Diabo.

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No fim, a carta não é sobre Flávio — é sobre Bolsonaro e sua necessidade de controlar a narrativa. E é aí que mora o risco: quando a política é tratada como fé, o voto deixa de ser escolha e vira obediência imposta por pastores. 

E quando isso parece normal, a democracia já perdeu um pedaço de si.

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