Israelenses se reuniram em todo o país nesta terça-feira, 7, para marcar o segundo aniversário dos ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, quando terroristas executaram 1.200 pessoas e levaram 251 reféns. O atentado fez eclodir a guerra na Faixa de Gaza que, no ano dois, matou 67 mil palestinos e reduziu o enclave a escombros.
Comemorações não oficiais foram realizadas nos pequenos kibutzim do sul de Israel, onde se concentraram os ataques do Hamas. Em Tel Aviv, milhares marcharam para pedir a libertação dos reféns ainda sob posse do grupo terrorista palestino.
No local da rave Universo Parallelo, onde mais de 370 pessoas foram mortas e dezenas foram sequestradas, parentes se reuniram ao amanhecer para homenagear as vítimas. Às 6h29 – o horário exato em que o Hamas lançou seu ataque sem precedentes –, houve um minuto de silêncio.
A cerimônia oficial, organizada pelo governo israelense, para marcar a data será realizada em 16 de outubro no cemitério nacional no Monte Herzl, após o feriado judaico de Simchat Torá.
Negociações
A memória do trauma coletivo do ataque de dois anos atrás – o mais mortal da história de Israel – ainda paira sobre a população. Os rostos dos reféns que continuam em cativeiro em Gaza estão estampados em pontos de ônibus por todo o país, e casas que foram incendiadas por militantes enquanto eles saqueavam os kibutzim permanecem carbonizadas e abandonadas.
Ao contrário do aniversário de um ano, porém, existe agora um sentimento de esperança de que a guerra em Gaza possa finalmente estar chegando ao fim. Negociadores do Hamas e de Israel se reuniram na segunda-feira no Egito, onde iniciaram conversas indiretas para acertar os detalhes da libertação de todos os reféns mantidos em Gaza e, em troca, do retorno de quase 2 mil prisioneiros palestinos, bem como da retirada inicial dos soldados israelenses do enclave.
Esta rodada de negociações, embora ainda longe de um acordo, gerou mais entusiasmo do que qualquer esforço de paz desde a quebra do último cessar-fogo, em meados de março.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse esperar anunciar a libertação dos reféns “nos próximos dias”, enquanto o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou o Hamas com “extermínio total” se o acordo não for concretizado. As negociações se baseiam em um plano apresentado pelo americano na semana passada.
Alguns dos eventos comemorativos desta terça-feira foram transformados em manifestações, que demandam que o governo de Israel que se esforce para chegar a um tratado para trazer os reféns de volta e encerrar a guerra. Em um comício na Praça dos Reféns, em Tel Aviv, no último sábado, famílias exigiram que Netanyahu abraçasse o plano de Trump para estabelecer a paz em Gaza.
Guerra em Gaza
Terça-feira também marca o segundo aniversário do início da campanha militar israelense no enclave, que causou destruição material e humana em proporções inimagináveis à população local. Lá, os palestinos aguardam ansiosamente por um potencial cessar-fogo. Apesar de Trump ter exigido que Israel interrompesse os bombardeios à faixa em antecipação à libertação dos reféns, os ataques continuam. O Ministério da Saúde local afirmou que pelo menos 19 pessoas foram mortas nas últimas 24 horas, incluindo duas pessoas em busca de ajuda humanitária.
Mais de 67 mil palestinos foram mortos e cerca de 170 mil foram feridos em meio à guerra em Gaza, de acordo com autoridades locais de saúde. Pelo menos 460 das vítimas pereceram por inanição, enquanto o IPC, monitor da ONU, declarou estado de fome generalizado no território. Agências humanitárias e organizações internacionais afirmam que isso é produto do bloqueio israelense ao enclave. Israel nega a alegação.
Uma comissão de inquérito da ONU, vários grupos de direitos humanos e diversas associações de acadêmicos já afirmaram que Israel está cometendo genocídio em Gaza. Israel nega a acusação e afirma que suas operações militares no enclave constituem atos de legítima defesa.