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Israel intercepta último barco da flotilha de Gaza e inicia deportações de tripulantes

Os organizadores da Flotilha Global Sumud, que tentava furar o bloqueio naval de Israel a Gaza para levar ajuda humanitária aos palestinos, afirmaram nesta sexta-feira, 3, que o último de seus 42 barcos foi interceptado pela Marinha israelense. Dois dias antes, quase todas as outras embarcações e os cerca de 450 ativistas a bordo, incluindo 15 brasileiros, foram capturados. Tel Aviv considera a iniciativa ilegítima, qualificou-a de “propaganda a serviço do Hamas” e vai deportar todos os participantes — quatro italianos já foram expulsos do país.

Segundo a Flotilha Global Sumud, o navio Marinette foi interceptado a cerca 80 quilômetros de Gaza nesta sexta. A rádio do exército israelense informou que a Marinha assumiu o controle do último barco da flotilha, deteve os tripulantes e que a embarcação estava sendo conduzida ao porto de Ashdod, em Israel. Lá, o ministro da Segurança Nacional, o ultrarreligioso de extrema direita Itamar Ben-Gvir, chamou os ativistas de “terroristas”.

Em um comunicado, o grupo ativista afirmou que as forças navais israelenses “interceptaram ilegalmente todos os nossos 42 navios — cada um transportando ajuda humanitária, voluntários e a determinação de romper o cerco ilegal de Israel a Gaza”.

O Ministério das Relações Exteriores de Israel afirmou que todos os barcos do grupo havia sido previamente avisados de que estavam se aproximando de uma zona de combate ativa e violando um “bloqueio naval legal”, e solicitou que os organizadores mudassem de curso. A pasta disse que se ofereceu para transferir os carregamentos de suprimentos até Gaza.

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Também nesta sexta, a chancelaria de Israel comunicou que quatro italianos já foram deportados. “Os demais estão em processo de deportação. Israel está empenhado em encerrar esse procedimento o mais rápido possível”, afirmou o ministério em comunicado. Todos os participantes da flotilha estavam “seguros e com boa saúde”, acrescentou o texto.

A Flotilha Global Sumud, que zarpou no final de agosto da Espanha e passou por vários portos europeus ao longo da viagem, marcou a mais recente tentativa por parte de ativistas de furar o bloqueio naval israelense ao enclave, imposto antes mesmo da guerra em Gaza, desencadeada pelo massacre do Hamas em 7 de outubro de 2023.

Críticas

Manifestantes pró-Palestina foram às ruas em cidades por toda a Europa, bem como em Karachi, Buenos Aires e Cidade do México, na quinta-feira 2, para protestar contra a interceptação da flotilha. Nesta sexta, uma manifestação reuniu dezenas de milhares de italianos, parte de uma greve geral de 24h convocada por sindicatos em apoio aos ativistas.

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A interceptação também recebeu duras críticas de alguns governos. O Ministério das Relações Exteriores da Turquia acusou Israel de “ato de terrorismo”, enquanto o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, afirmou que expulsará todos os diplomatas israelenses restantes no país. Dois cidadãos colombianos que estavam a bordo da flotilha foram detidos.

No Brasil, o governo afirmou que “deplora a ação militar do governo israelense, que viola direitos e coloca em risco o bem-estar físico de manifestantes pacíficos”. O comunicado do Itamaraty acrescentou que Israel agora é responsável pela segurança dos detidos. O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, afirmou que o Brasil havia levantado preocupações diretamente com Israel sobre os 15 brasileiros a bordo, incluindo a deputada Luizianne Lins (PT-Ceará).

A Alemanha instou Israel a garantir a segurança dos tripulantes. “Entramos em contato com o governo israelense e pedimos que cumpram suas obrigações perante o direito internacional e ajam com proporcionalidade”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Internacionais alemão. “Também pedimos que seja garantida a proteção de todos a bordo; até onde sabemos, isso já foi feito.”

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O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, foi mais enfático ao pedir que as forças israelenses libertem todos os cidadãos de seu país que, segundo ele, foram “sequestrados em águas internacionais”.

“A interceptação da Flotilha Global Sumud é mais uma grave ofensa de Israel à solidariedade e ao sentimento global que visa aliviar o sofrimento em Gaza e promover a paz na região”, disse Ramaphosa. “Em nome do nosso governo e da nossa nação, apelo a Israel para que liberte imediatamente os sul-africanos sequestrados em águas internacionais e outros cidadãos que tentaram chegar a Gaza com ajuda humanitária.”

Ramaphosa apelou ainda a entrada de ajuda humanitária no enclave palestino seja permitida, sublinhando que a flotilha “representa solidariedade com Gaza, não confronto com Israel”.

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