Israel confirmou nesta sexta-feira, 31, as identidades de dois reféns falecidos cujos corpos recebeu do Hamas por meio da Cruz Vermelha em Gaza na véspera. A análise forense mostrou que os corpos pertencem a Amiram Cooper, de 84 anos, e Sahar Baruch, de 25 anos, informou o gabinete do primeiro-ministro israelense.
Com isso, sobe para 17 o número de reféns mortos devolvidos pelo Hamas. O Fórum das Famílias de Reféns e Desaparecidos exigiu que os os onze restantes sejam entregues imediatamente, em conformidade com o acordo de cessar-fogo mediado pelos Estados Unidos.
Quem eram os sequestrados
Amiram Cooper foi sequestrado junto com sua esposa, Nurit, do kibutz Nir Oz durante o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra. O grupo libertou Nurit após 17 dias, mas manteve o homem em cativeiro.
O Exército israelense estima que ele tenha sido assassinado em cativeiro em fevereiro de 2024, mas afirmou que as conclusões finais serão obtidas após a realização da autópsia. Anteriormente, a informação era de que Amiram havia sido morto juntamente com outros três reféns – Nadav Popplewell, Chaim Peri e Yoram Metzger – em Khan Younis, enquanto tropas israelenses operavam na área. O Hamas alegou que eles pereceram devido a um ataque israelense.
Sahar Baruch foi sequestrado durante o ataque terrorista ao kibutz Be’eri, que também matou seu irmão, Edan, e sua avó, Geula Bachar. Segundo os militares de Israel, ele foi assassinado em cativeiro em 8 de dezembro de 2023, mas também aguarda os resultados da autópsia para confirmação. A informação anterior era de que ele havia perdido a vida durante uma tentativa de resgate pelas forças israelenses.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) expressaram condolências às famílias dos dois homens e enfatizaram que o Hamas “deve cumprir sua parte no acordo e fazer os esforços necessários para devolver todos os reféns às suas famílias e lhes proporcionar um enterro digno”.
Na manhã desta sexta-feira, autoridades israelenses devolveram, por meio da Cruz Vermelha, os corpos de mais 30 palestinos mortos em troca dos dois reféns, informou o hospital Nasser em Khan Younis. No total, 225 corpos palestinos foram devolvidos em troca de 15 corpos israelenses, de acordo com os termos do acordo de cessar-fogo em vigor desde 10 de outubro.
Acordo posto a teste
A devolução dos dois corpos na quinta 30 ocorreu dois dias após o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ordenar novos ataques aéreos contra a Faixa de Gaza. Na terça-feira, o governo israelense acusou o Hamas de violar o acordo de cessar-fogo depois do grupo entregar restos mortais que não pertenciam a nenhum dos reféns mortos que ainda estavam em Gaza. A análise forense mostrou que eles pertenciam a Ofir Tzarfati, um refém cujo corpo havia sido recuperado pelas forças israelenses em Gaza no final de 2023.
O Exército israelense também divulgou imagens filmadas por um drone que mostravam membros do Hamas removendo um saco para cadáveres de um prédio na Cidade de Gaza, enterrando-o novamente e, em seguida, simulando a descoberta diante de funcionários da Cruz Vermelha. A organização humanitária, responsável por fazer o intercâmbio nas trocas de reféns, afirmou que não tomou conhecimento da operação e que a simulação da recuperação era “inaceitável”.
O Hamas, por sua vez, rejeitou o que chamou de “alegações infundadas” e acusou Israel de fabricar “pretextos falsos” para retomar a ofensiva no enclave palestino.
Em seguida, o governo israelense acusou o grupo de outra violação da trégua, afirmando que combatentes mataram um soldado em um ataque em Rafah, no sul de Gaza. O Hamas alegou não estar envolvido no incidente, mas Netanyahu ordenou uma série de ataques aéreos na noite de terça-feira, em que afirmou ter atacado “dezenas de alvos terroristas”.
O Ministério da Saúde local, controlado pelo Hamas, informou que 104 palestinos foram mortos nos bombardeios, incluindo 46 crianças e 20 mulheres, no dia mais letal desde que o cessar-fogo entrou em vigor.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, principal fiador do acordo, afirmou que “nada” colocaria em risco o acordo de cessar-fogo, mas acrescentou que Israel deveria “revidar” quando seus soldados fossem alvejados.
