Taher al-Nounou, um alto funcionário do Hamas, afirmou nesta quarta-feira, 8, que tanto seu grupo como Israel determinaram e compartilharam entre si as listas de reféns israelenses a serem libertados mediante um cessar-fogo em Gaza e, do outro lado, de prisioneiros palestinos que seriam soltos em troca. Isso marca um avanço nas negociações que começaram no início da semana em Sharm el-Sheikh, Egito, depois do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, apresentar um roteiro para a paz que foi parcialmente aceito pela organização terrorista e por Tel Aviv.
As Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) afirmam que há 48 pessoas ainda em cativeiro em Gaza, das quais vinte estariam vivas. O plano de Trump havia determinado que, em troca da libertação dos reféns vivos, as forças israelenses “libertarão 250 prisioneiros condenados à prisão perpétua, além de 1.700 moradores de Gaza que foram detidos após 7 de outubro de 2023, incluindo todas as mulheres e crianças detidas naquele contexto”.
Enquanto isso, segundo o mesmo roteiro, para cada corpo devolvido a Israel, os restos mortais de quinze moradores de Gaza falecidos serão liberados.
De acordo com a agência de notícias Reuters, al-Nounou também afirmou que o Hamas expressou otimismo quanto à possibilidade de um acordo ser firmado em breve, afirmando que o grupo demonstrou a positividade necessária para chegar a um consenso. Ele destacou que as negociações estão focadas em mecanismos para pôr fim à guerra e na retirada das forças israelenses da Faixa de Gaza.
“Os mediadores estão empregando grandes esforços para remover todos os obstáculos à implementação de um cessar-fogo, e há um espírito otimista entre todos”, disse ele.
As negociações sobre a implementação do plano de paz para Gaza entraram em seu terceiro dia nesta quarta. Uma declaração do Hamas publicada no canal oficial do grupo no aplicativo Telegram indica que al-Nunu está atualmente em Sharm el-Sheikh e mediadores importantes devem participar desta fase, incluindo o enviado especial de Trump, Steve Witkoff, e seu genro e ex-assessor especial, Jared Kushner.
A imprensa israelense informou que eles chegaram à cidade egípcia no início desta manhã.
Outro mediador de alto nível a chegar é o primeiro-ministro e chanceler do Catar, Sheikh Mohammed bin Abdulrahman al Thani.
Poucas informações vazaram sobre as conversas até o momento. Mas, de acordo com o jornal The Times of Israel, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também expressou “otimismo, mas muita cautela” na última noite.
De acordo com o jornal The Wall Street Journal, o Hamas apresentou algumas demandas duras, como a retirada completa de Israel do enclave palestino (a proposta de Trump prevê uma saída lenta e gradual total, mas com a permanência em uma “zona tampão” até que a região seja considerada segura). O grupo também exigiu, disse o WSJ, a libertação dos corpos de seus ex-líderes, os irmãos Yahya e Mohammed Sinwar. O primeiro foi considerado um dos idealizadores dos ataques de 7 de outubro.