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Israel ataca quartel militar na capital da Síria em meio a conflito interno no país

O Exército israelense afirmou nesta quarta-feira, 16, ter bombardeado o portão de entrada do quartel-general do exército sírio em Damasco. É o terceiro dia consecutivo de ataques contra a Síria, que há dias vê combates entre tribos beduínas e a minoria religiosa drusa no sul do país, com mais de 100 mortos. Israel justifica que as ações teve por objetivo manter a área desmilitarizada e proteger os drusos perto de sua fronteira.

Os militares de Tel Aviv afirmaram separadamente que lançaram ataques à cidade de Sweida, de maioria drusa, palco dos principais conflitos internos, acrescentando que estavam preparados “para vários cenários”. Anteriormente, uma agência de notícias estatal síria informou que drones israelenses causaram vítimas civis na cidade.

Os ataques ocorreram após a retomada dos combates em Sweida, onde forças do governo intercederam para conter a violência entre grupos armados, apesar do cessar-fogo acordado na terça-feira.

O Exército israelense afirmou que enviará reforços para a área da cerca de segurança na fronteira com a Síria, uma declaração que segue a ameaça de continuar atacando as forças sírias caso elas não se retirem de Sweida.

Intervenção

O governo israelense tem procurado se apresentar como defensor dos drusos desde a derrubada do regime do presidente Bashar al-Assad, em dezembro. Os ataques mais recentes começaram depois que o influente xeque druso Hikmat al-Hajri emitiu um comunicado acusando as tropas do governo (que entraram em Sweida com aval da liderança espiritual drusa) de violarem um cessar-fogo e instando os combatentes a confrontarem o que ele descreveu como um ataque bárbaro.

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No entanto, analistas avaliam que Israel está usando o grupo minoritário como pretexto para intervir.

Segundo Tel Aviv, o envio de forças governamentais a Sweida viola uma política de desmilitarização que impede Damasco de deslocar militares e armas para o sul da Síria por representar uma ameaça a Israel.

As forças governamentais disseram que intervieram para separar os dois lados em conflito, mas acabaram assumindo o controle de várias áreas drusas ao redor de Sweida, segundo a agência de notícias AFP. As tropas começaram a se dirigir para a cidade na segunda-feira, assumindo o controle de pelo menos uma aldeia drusa. Em paralelo, uma facção drusa afirmou que negociações com o governo de Damasco estavam em andamento.

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Desafio para o novo governo

O Observatório Sírio para os Direitos Humanos, uma ONG com sede no Reino Unido, informou anteriormente que 116 pessoas foram mortas desde o início dos combates no domingo 13 — 64 drusos, incluindo quatro civis, e 52 membros das forças governamentais e tribos beduínas. O Ministério da Defesa listou 18 mortes entre militares.

O aumento da violência destaca um dos principais desafios de Ahmed al-Sharaa, que substituiu Bashar al-Assad após o grupo rebelde por ele liderado derrubar a ditadura. Seu passado causa reticência em grande parte da população, uma vez que esteve ligado à rede terrorista Al Qaeda. A pressão é alta para que ele prove que é capaz de governar uma democracia, e ele tem lutado para assumir o controle da área próxima à fronteira israelense.

Embora Sharaa tenha sido impulsionada pela rápida melhora dos laços com o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que retirou as sanções contra a Síria, a violência evidenciou tensões sectárias persistentes. A maior parte da população segue a vertente sunita do islã, defendida por Sharaa e suas forças, mas há diversas minorias, como alauítas, drusos e curdos.

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A desconfiança entre grupos minoritários em relação ao seu governo persiste – desconfiança essa que foi aprofundada pelos assassinatos em massa de alauítas em março, que deixaram 1.600 mortos. A violência foi interpretada, em parte, como uma vingança, já que a família Assad é alauíta.

Há ainda a questão do que fazer com os curdos no norte do país. As forças curdas foram fundamentais no combate à ditadura de Assad e exigem que seu sacrifício seja recompensado com algum grau de autonomia, e existem negociações para incorporá-los ao Exército.

A expectativa é de que Sharaa altere o alinhamento internacional sírio e entre em algum tipo de acordo de normalização com Israel. Não deve ser nada fácil. Os dois países têm uma rivalidade histórica, incluindo a tomada israelense das Colinas de Golã na Guerra dos Seis Dias, em 1967. Após a queda de Assad, Israel aproveitou para fazer mais de 700 ataques aéreos na Síria nos últimos meses e ocupou parte do território na fronteira.

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