counter Irã fecha acordo com agência de vigilância nuclear da ONU e permite inspeção a instalações – Forsething

Irã fecha acordo com agência de vigilância nuclear da ONU e permite inspeção a instalações

O Irã chegou a um acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão ligado às Nações Unidas, que estabelecerá as bases para o retorno de inspetores às instalações nucleares do país. A informação foi divulgada pelo diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, na última terça-feira, 9, por meio de uma publicação no X (ex-Twitter).

“Hoje, no Cairo, concordamos com o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, sobre as modalidades práticas para retomar as atividades de inspeção no Irã. Esse é um passo importante na direção certa”, declarou Grossi.

A reunião entre o diretor-geral da AIEA e Abbas durou cerca de três horas, e estabeleceu que o retorno das inspeções é uma condição essencial para que os líderes europeus adiem a retomada de sanções econômicas contra o país, que aconteceria no final do mês. Para a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, o acordo pode ser um “passo decisivo para a diplomacia nuclear se implementado rapidamente pelo Irã”.

Continua após a publicidade

O acordo não foi publicado na íntegra, causando insatisfação em políticos de Teerã, que exigem acesso ao texto. Há tensões com o parlamento iraniano, que aprovou uma lei recente proibindo o retorno dos inspetores sem garantias sobre a segurança futura das instalações nucleares do país, que foram bombardeadas por Israel e Estados Unidos em junho.

Em um comunicado divulgado pela mídia estatal iraniana, Araqchi declarou que o acerto prevê um mecanismo de cooperação que atende tanto as exigências técnicas da AIEA quanto as “circunstâncias excepcionais de segurança” do Irã. No entanto, Grossi fez questão de frisar que a legislação gerou dificuldades, uma vez que as garantias não estão totalmente ao alcance do corpo de inspetores da ONU.

Segundo o diretor-geral, o acordo deu os inspetores o acesso a “todas as instalações e locais no Irã, e também contempla os relatórios necessários sobre as instalações atacadas, incluindo o material nuclear”, em uma referência ao estoque de 440 kg de urânio enriquecido a nível de 60% de pureza sob posse de Teerã, cujo paradeiro é atualmente desconhecido.

Continua após a publicidade

Grossi reconheceu que o acordo ainda não foi implementado, e que possivelmente haverá dificuldades antes de seu pleno funcionamento. As principais preocupações iranianas dizem respeito à confiabilidade da AIEA, uma vez que há temores de que a agência informe Washington ou Tel Aviv sobre os planos nucleares do país.

Acordo nuclear

O Reino Unido, a França e a Alemanha notificaram formalmente as Nações Unidas no final de agosto para avisar que acionaram a restauração de sanções abrangentes do Conselho de Segurança contra o Irã. A medida deu um prazo de trinta dias para Teerã fazer concessões e ampliar o acesso à AIEA para inspeções em suas instalações nucleares. Do contrário, o país enfrentaria um isolamento econômico global ainda mais profundo.

Londres, Berlim e Paris acusam o Irã de ter descumprido significativa e repetidamente os termos do acordo nuclear de 2015. O pacto firmado entre a nação persa e os membros do Conselho de Segurança da ONU (mais Alemanha) encerrou as sanções econômicas ao país em troca de restrições ao seu programa nuclear e a permissão de que a AIEA fizesse fiscalizações regulares nas instalações pertinentes.

Continua após a publicidade

Funcionários do órgão de fiscalização nuclear das Nações Unidas, porém, vinham sendo impedidos de realizar seu trabalho de inspeção desde os ataques de Israel e Estados Unidos ao Irã, em junho, tendo permitido acesso apenas à instalação de reabastecimento de Bushehr. Por isso, o trio europeu recorreu ao mecanismo do “snapback“, uma cláusula do acordo firmado junto às Nações Unidas que permite reativar imediatamente as sanções econômicas contra o país, sem possibilidade de veto por parte dos demais membros.

Justificando a decisão, autoridades britânicas, alemãs e francesas relembraram que o pacto de 2015 restringia a 300 kg a quantidade de urânio enriquecido que o Irã podia armazenar, com índice de pureza de no máximo 3,67%. Em vez disso, o estoque iraniano tornou-se 45 vezes maior do que o limite, com uma quantidade relevante de urânio com até 60% de pureza — muito próximo dos 90% necessários para a produção de armas nucleares.

Teerã estar “à beira de construir uma bomba atômica” — embora analistas avaliem que demoraria mais de um ano para construir uma arma funcional — foi o motivo que Israel usou para justificar os ataques que deflagraram uma guerra aérea de 12 dias entre as nações do Oriente Médio, que acabou com um cessar-fogo frágil depois que os Estados Unidos se juntaram a Tel Aviv ao bombardearem três instalações nucleares iranianas.

Publicidade

About admin