O Irã executou por enforcamento um homem acusado de ser um espião israelense, informou o governo do país nesta segunda-feira, 29. Identificado como Bahman Choobiasl, ele foi definido como o agente “mais confiável” do Mossad, a agência de espionagem de Israel. O episódio ocorreu em meio a uma escalada na aplicação de penas capitais em território iraniano.
De acordo com a mídia estatal Mizan, Choobiasl havia trabalhado em “projetos de telecomunicações sensíveis”, tendo relatado a Tel Aviv “os caminhos da importação de dispositivos eletrônicos” pelo Irã.
Desde a breve guerra contra Israel, ocorrida em junho desse ano, Teerã já executou nove pessoas por espionagem. Acusados por esse tipo de crime costumam ser julgados a portas fechadas no país, sendo comum que o governo impeça os réus de acessar evidências capazes de comprovarem sua inocência.
No dia 17 de setembro, o Irã executou outro homem pelo mesmo motivo. Babak Shahbazi foi acusado de coletar e vender informações sobre centros de dados iranianos e instalações de segurança para Israel. Ativistas contestam a versão oficial, afirmando que Shahbazi foi obrigado a fornecer uma falsa confissão após escrever uma carta endereçada ao presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, onde se oferecia para lutar pelo país.
Teerã tem sofrido com diversos protestos oriundos da sociedade civil nos últimos anos, em uma reação a questões econômicas e de direitos humanos — sobretudo o das mulheres. Como reação, o regime teocrático vem executando prisioneiros em um ritmo nunca visto desde o final da guerra Irã-Iraque, em 1988, quando milhares de pessoas foram mortas.
Segundo as organizações Iran Human Rights e Centro Abdorrahman Boroumand para os Direitos Humanos no Irã, mais de 1.000 pessoas foram executadas no país em 2025, com a possibilidade de que os números sejam ainda maiores, já que Teerã não deixa cada uma das execuções pública. Especialistas entrevistados pela agência de notícias Associated Press falam em uma média de “mais de nove enforcamentos por dia” nas últimas semanas, descrevendo uma operação de “escala industrial “.
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Retomada de sanções
A condenação de Choobiasl acontece em um momento no qual Teerã promete confrontar seus inimigos após o reestabelecimento de sanções economicas em decorrência do seu programa nuclear. Na sexta-feira, 27, as Nações Unidas rejeitaram a proposta de adiamento das sanções ‘snapback‘ ativadas por França, Reino Unido e Alemanha.
A medida resulta no congelamento de ativos iranianos no exterior, interrupção de acordos de armas internacionais, entre outras ações que atingem em cheio a cambaleante economia iraniana. Nesta segunda, a União Europeia aplicou sanções semelhantes após seguir o exemplo da ONU.