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Irã diz que não negocia acordo nuclear com os EUA sem cessar-fogo de Israel

Abbas Araqchi, ministro das Relações Exteriores do Irã, afirmou nesta sexta-feira, 20, que o país não voltará à mesa de negociações com os Estados Unidos para discutir um acordo nuclear enquanto Israel continuar lançando ataques. A declaração ocorreu pouco antes de uma reunião em Genebra, que deve acontecer ainda hoje, em que Araqchi se encontrará com chanceleres da Europa, que tentam persuadir Teerã a retomar as conversas sobre seu programa nuclear.

Araqchi declarou que não havia espaço para negociações com Washington, aliada de Tel Aviv, “até que a agressão israelense cesse”. Não está claro como isso afetará o encontro com os europeus, que esperam estabelecer um caminho de volta à diplomacia.

De acordo com a agência de notícias Reuters, a reunião deve envolver os chanceleres da França, Reino Unido, Alemanha e o chefe de política externa da União Europeia. Dois diplomatas afirmaram à agência que Araqchi seria informado de que os Estados Unidos ainda estão abertos a negociações diretas.

Mas expectativas de um avanço são baixas, segundo diplomatas ouvidos pela Reuters. Às tensões do conflito em si, soma-se a ameaça do presidente americano, Donald Trump, que afirmou na quinta-feira 19 que decidiria “se aceitaria ou não” o envolvimento militar direto dos Estados Unidos, em apoio a Israel, nas próximas duas semanas.

A guerra continua se intensificando, sem sinais de arrefecimento. Exatamente uma semana após o início dos ataques ao Irã, o exército israelense afirmou ter realizado uma nova onda de disparos contra dezenas de alvos militares durante a noite desta sexta, incluindo instalações de produção de mísseis e uma organização de pesquisa envolvida no desenvolvimento de armas nucleares em Teerã.

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O Irã, por sua vez, lançou pelo menos uma nova saraivada de mísseis contra o território israelense nesta manhã, atingindo locais próximos a prédios residenciais, comerciais e instalações industriais na cidade de Bersheba, no sul do país.

Acordo nuclear

A reunião em Genebra está prevista para a tarde desta sexta-feira. A cidade suíça é onde um acordo inicial foi firmado em 2013 para conter as ambições nucleares do regime dos aiatolás em troca do relaxamento das sanções econômicas contra o Irã. Um pacto abrangente foi firmado dois anos depois, liderado pelos Estados Unidos e envolvendo outras nações.

Trump, porém, saiu do acordo unilateralmente em 2018. Segundo analistas, o movimento fez os iranianos acelerarem o avanço de seu programa nuclear, instalando milhares de centrífugas avançadas para enriquecer urânio.

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Pelo pacto original, de 2015, o país estava autorizado a manter até 300 quilos de urânio enriquecido a no máximo 3,67% de pureza, limite adequado para fins civis, como geração de energia e pesquisa, mas muito abaixo dos 90% necessários para a fabricação de armas nucleares.

Na semana passada, a Agência Internacional de Energia Atômica, porém, denunciou pela primeira vez que a nação islâmica violou o tratado de não-proliferação do qual é signatária, três meses após divulgar um relatório alarmante, segundo o qual o Irã já acumula cerca de 275 quilos de urânio enriquecido a 60%.

Esse material poderia ser convertido em grau militar em apenas uma semana e seria suficiente para produzir até meia dúzia de ogivas nucleares — embora a construção de uma bomba funcional, a toque de caixa, deva levar ainda pelo menos um ano.

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Em seu segundo mandato, Trump voltou a apostar na diplomacia, mas uma nova série de negociações entre o Irã e os Estados Unidos fracassou quando Israel lançou a chamada Operação Leão em Ascensão, que mira instalações nucleares e capacidades balísticas do Irã, em 13 de junho. O presidente americano, agora, tem alternado entre ameaçar Teerã e instar o país a voltar à mesa de negociações. Seu enviado especial para o Oriente Médio, Steve Witkoff, conversou com Araqchi diversas vezes desde a semana passada, segundo a agência de notícias.

Desde que Israel começou a realizar ataques aéreos ao Irã na sexta-feira passada, alegando que seu arqui-inimigo estava prestes a desenvolver armas nucleares, 639 pessoas morreram no país, de acordo com a Agência de Notícias de Ativistas de Direitos Humanos, com sede nos Estados Unidos. Entre as vítimas estão o alto escalão militar e cientistas nucleares.

Tel Aviv, por sua vez, afirmou que pelo menos duas dúzias de civis israelenses foram mortos por mísseis iranianos.

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