O Irã anunciou nesta segunda-feira, 20, que considera nulo o acordo firmado em setembro com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), órgão de vigilância nuclear das Nações Unidas, que previa a retomada de inspeções em suas instalações nucleares. A decisão foi confirmada pelo secretário supremo do Conselho de Segurança Nacional iraniano, Ali Larijani, e divulgada pela mídia estatal.
“O acordo foi cancelado”, disse Ali Larijani, durante encontro em Teerã. A declaração acontece cerca de três semanas depois de o governo anunciar que planejava encerrar o pacto. Qualquer nova proposta da AIEA será avaliada internamente, segundo Larijani.
O acordo original, assinado no Cairo entre o ministro das Relações Exteriores iraniano, Abbas Araqchi, e o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi, buscava garantir acesso total dos inspetores da ONU a todas as instalações nucleares do país e adiar a retomada de sanções econômicas internacionais. Para líderes europeus, como a chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, o pacto representava um passo decisivo para a diplomacia nuclear, se implementado rapidamente.
A revogação do acordo ocorre após Reino Unido, França e Alemanha acionarem, no mês passado, a cláusula de “snapback” do Conselho de Segurança da ONU, restaurando sanções contra Teerã devido ao descumprimento do acordo de 2015, incluindo o acúmulo de urânio enriquecido a níveis próximos aos necessários para produção de armas nucleares. O Irã justifica a decisão apontando riscos à segurança de suas instalações e desconfiança sobre a confidencialidade das inspeções.
A medida representa um revés para a agência da ONU, que vinha tentando reconstruir a cooperação com o Irã desde os ataques israelenses e americanos a centros nucleares do país em junho.