Vai custar caro. Essa é a única certeza em Brasília e nos Estados sobre os planos de socorro estatal às empresas afetadas pelas sanções econômicas de Donald Trump.
Governos federal e estaduais preparam pacotes de resgate, mas, sem coordenação, há risco de sobreposição e de aumento de custos.
O Ministério da Fazenda, por exemplo, planeja criar um fundo de crédito a juros subsidiados.
Iniciativas similares já foram anunciadas nos estados de São Paulo e Goiás e há possibilidade de serem replicadas em Minas Gerais, no Rio de Janeiro, no Espírito Santo, no Paraná e no Rio Grande do Sul.
Esses sete estados concentram mais da metade do comércio brasileiro com os Estados Unidos, que somou 80 bilhões de dólares no ano passado. Quase todos são governados por adversários de Lula — a exceção é o Espírito Santo de Renato Casagrande (PSB).
Os seis oposicionistas frequentam listas de candidatos presidenciais em, praticamente, todas as pesquisas eleitorais.
Por serem da oposição mantêm distanciamento do governo federal. Também, são mantidos à distância por Lula.
Juntos, produziram uma situação crítica e peculiar.
O país enfrenta uma ofensiva dos EUA inédita em dois séculos de relações estáveis, mas o governo Lula não consegue se comunicar com o governo Trump.
Não há diálogo, também, entre os governos nacional e regionais. Assim como não há conversa entre presidente e governadores dos estados que devem ser mais atingidos pelas sanções impostas por Trump.
Isso porque eles são adversários políticos, alguns até se tratam como inimigos, e estão empenhados numa disputa eleitoral cujo desfecho só vai acontecer em 15 meses.
A intransigência de Lula e dos governadores de oposição pode ser interpretada como opção pela antipolítica em meio a uma das mais graves crises. O egocentrismo de alguns líderes políticos tende a aumentar o custo das sanções de Trump para todos os brasileiros.
