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Inteligência Artificial no agro

A Inteligência Artificial deixou de ser um conceito futurista para se tornar peça fundamental no cotidiano. Pode ser usada para ajudar a escrever textos, otimizar a análise de e-mails, um debate de tema com sua equipe. É uma estrutura moderna, essencial para a produtividade em uma sociedade cada vez mais “sem tempo” e com várias distrações. Assim como quando outras tecnologias foram incorporadas ao agronegócio, como a internet e o celular, a pergunta que surge é: “Eu perderei meu emprego para a IA?”. A tecnologia vai atuar como uma ferramenta de potencialização, automatizando certas tarefas repetitivas e liberando os profissionais para desempenharem funções estratégicas, criativas e que exigem a sensibilidade humana – essa não será substituída pelas máquinas.

A aplicação de mais fácil acesso e conhecimento da IA para qualquer profissional, seja do agro ou de outra área, consiste na otimização da rotina de trabalho através de assistentes virtuais e chatbots. Ferramentas como o ChatGPT podem resumir relatórios extensos, redigir e-mails, analisar planilhas ou até mesmo criar o rascunho de um plano de marketing em segundos – com tendência de diminuição de tempo com lançamento de novas atualizações, como é o caso do GPT-5, upgrade do ChatGPT lançado em agosto de 2025.

Mas, afinal, o que redigir textos e organizar a caixa de entrada tem a ver com o agro? É simples: a tecnologia que resume reuniões, simula uma conversa entre CEOs ou traduz artigos internacionais é a mesma que, a quilômetros de distância de um operador, vai conseguir diferenciar uma planta daninha de uma planta de soja, economizar milhares de reais em insumos e ainda proteger o meio ambiente.

No campo, diversas formas de aplicações de IA estão em andamento: drones e satélites (a) que analisam imagens das lavouras para detectar pragas, doenças, falhas de plantio e estresse hídrico; análises preditivas (b) que usam de algoritmos para processar dados históricos de clima, solo e produção afim de prever a produtividade, otimizar o momento ideal de plantio e colheita, e antecipar riscos climáticos; máquinas autônomas (c), com tratores e pulverizadores guiados por IA; softwares (d) para gestão por m², calculando a exata quantidade de insumos para cada área da lavoura; entre outras.

Para o consumidor, o uso da IA resultará em alimentos com menor uso de defensivos químicos, redução no uso da água e a um custo menor a longo prazo. Essas ferramentas também estão sendo usadas para possibilitar o acesso em tempo real de informações relacionadas ao local produzido, insumos utilizados, dados da família/produtores e outros facilitando a rastreabilidade das cadeias produtivas.

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A empresa BemAgro é um exemplo interessante. A combinar IA e visão de drones e tratores, a tecnologia da BemAgro consegue detectar e classificar diferentes tipos de ervas daninhas, como as de folha estreita e larga. Com isso, aplicar o herbicida específico apenas onde a planta invasora está presente. Os resultados são animadores: em 2024, a empresa ajudou clientes a obterem uma redução de até 85% no uso de herbicidas e outros defensivos, gerando economia de US$ 20 milhões e evitando emissões de carbono ao meio-ambiente.

A IA já é fortemente usada em empresas do agro. Um gerente de marketing de uma empresa de sementes pode pedir à IA que analise dados de vendas e identifique as predileções por região, para então criar ideias para uma campanha de vendas direcionada àqueles tipos de produtores locais. Ou, ainda, um agrônomo de campo de uma cooperativa pode usar a IA para resumir artigos científicos sobre o manejo de uma praga ou doença específica, montando uma recomendação técnica para os cooperados em minutos, ao invés de horas. O caminho para atingir esse potencial está na engenharia de prompt: o conceito de “alimentar” corretamente a máquina e fazer as perguntas certas, tornando a IA uma parceira estratégica na tomada de decisão.

Além da engenharia de prompt, outros pontos merecem atenção para o sucesso da implementação da IA no agro, como a padronização das bases de dados, profissionais capacitados, conectividade nas áreas rurais e a confiança e aceitação dos agricultores. A união entre a inteligência humana e a artificial é um caminho essencial para alimentar de forma sustentável uma população crescente.

Marcos Fava Neves é professor Titular (em tempo parcial) da Faculdades de Administração da USP (Ribeirão Preto – SP) e fundador da Harven Agribusiness School (Ribeirão Preto – SP). É especialista em Planejamento Estratégico do Agronegócio. Confira textos e outros materiais em doutoragro.com e veja os vídeos no Youtube (Marcos Fava Neves). Agradecimentos a Vinícius Cambaúva e Rafael Rosalino.

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