Um estudo inédito realizado pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) identificou 97 comunidades tradicionais vivendo nas unidades de conservação administradas pelo Governo do Estado do Rio de Janeiro. O levantamento reúne quilombolas, caiçaras, pescadores artesanais, salineiros, sitiantes e indígenas, e foi desenvolvido por um grupo de trabalho multidisciplinar para subsidiar políticas públicas de valorização desses territórios e de seus saberes ancestrais.
“O Rio só preserva suas riquezas naturais quando reconhece quem sempre cuidou da natureza. Essas comunidades são parte viva das unidades de conservação e guardiãs de conhecimentos que atravessam gerações. Nosso compromisso é garantir que desenvolvimento e tradição caminhem juntos, com respeito, diálogo e inclusão”, afirma o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro.
O estudo aponta que 12 comunidades quilombolas vivem em parques como Pedra Branca, Desengano, Serra da Concórdia e Cunhambebe, além da APA Estadual Pau Brasil. Entre elas está o Quilombo Cafundá Astrogilda, no Parque Estadual da Pedra Branca, onde mais de 120 famílias – totalizando cerca de 800 pessoas – preservam práticas culturais e recebem visitantes em iniciativas de turismo comunitário — como o tradicional restaurante Tô na Boa.
“O mapeamento nos permite enxergar, de forma inédita, a diversidade e a força cultural das comunidades tradicionais que vivem em nossas unidades de conservação. Ao compreender melhor seus modos de vida, conseguimos aprimorar e fortalecer nossas ações, além de valorizar esses saberes que atravessam gerações”, destaca o secretário de Estado do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.
O levantamento registrou ainda 63 comunidades caiçaras, nove grupos de pescadores artesanais, duas aldeias indígenas, sem contar com comunidades salineiras e sitiantes distribuídas por diferentes unidades de conservação, de Ilha Grande à Região dos Lagos. Práticas sustentáveis, como a pesca responsável e a produção artesanal de sal, reforçam o vínculo entre modo de vida tradicional e preservação ambiental.
O diagnóstico também mostrou que muitos moradores atuam como guarda-parques, guias e condutores, fortalecendo a integração entre conservação, geração de renda e turismo seguro. O Inea já capacitou 216 condutores e, em 2025, criou o Núcleo de Povos e Comunidades Tradicionais, responsável por coordenar ações de reconhecimento, aproximação e proteção desses territórios.