Indiciado pela PF sob acusação de tentar “inviabilizar” a investigação sobre a “Abin paralela” do governo Bolsonaro, o atual chefe do serviço secreto brasileiro, Luiz Fernando Corrêa, deve depor a parlamentares em uma reunião secreta da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI) do Congresso na quarta-feira.
O presidente do colegiado, deputado Filipe Barros (PL-PR), marcou a audiência com base em um requerimento aprovado ainda em 2023, mas que ainda não havia sido cumprido.
Depois da audiência com Corrêa, a CCAI fará uma reunião deliberativa. Entre os itens pautados para votação, estão os seguintes pedidos de convite:
- ao ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, para prestar esclarecimentos sobre a atuação do governo federal nas fronteiras brasileiras;
- e ao ministro da Defesa, José Múcio, ao comandante da Marinha, almirante Marcos Olsen, e ao ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, “a fim de prestarem esclarecimentos sobre a atracação de navios de guerra iranianos no Porto do Rio de Janeiro em 2023”.
‘Abin paralela’
A “Abin paralela” era uma estrutura clandestina supostamente comandada por Alexandre Ramagem para ações de arapongagem contra adversários políticos do governo de Jair Bolsonaro.
Segundo o relatório final da PF, Corrêa faz parte de um grupo que teria encaminhado aos investigadores “informações inidôneas, retardando informações, influenciando servidores e dedicando esforços para que não houvesse investigação pela Polícia Federal”.
O documento diz que o atual chefe da Agência Brasileira de Inteligência passou a frequentar a sede do serviço secreto dois meses antes de ser sabatinado pelo Senado e tomar posse no cargo, o só ocorreu em maio de 2023.
A PF levantou, pelos registros de entrada e saída na Abin, que Corrêa esteve presente no QG do órgão em 47 dias antes de sua nomeação oficial.
“Agindo como o chefe de facto da agência, participou de reuniões de cúpula, teve acesso a informações sigilosas e realizou ações que notadamente tiveram o intento obstruir a investigação sobre a organização criminosa (ORCRIM) instalada no órgão”, escreve a PF.