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Ibovespa dispara 34% em 2025, aos 161 mil pontos, e encerra ano com melhor desempenho desde 2016

O Ibovespa fechou 2025 com alta de 34,1%, aos 161.127,44 pontos. O número representa a maior alta para o índice desde de 2016, quando o indicador subiu 38,9%. Segundo Guilherme Falcão, sócio da One Investimentos, a entrada de capital estrangeiro, ao patamar de 26 bilhões de reais líquidos em 2025, foi um dos fatores para o bom desempenho desse ano.

A entrada nesse volume se deu em meio ao tarifaço do presidente dos EUA, Donald Trump, e ao corte de juros pelo Banco Central dos Estados Unidos, o Federal Reserve. Os dois fatos geraram uma migração de capital dos Estados Unidos para países emergentes, entre eles o Brasil.

Falcão reforça que em 2025 houve a criação de novas cotas do Exchange Traded Fund (ETF) do EWZ, principal índice acionário brasileiro listado na Bolsa americana. “Esse foi o veículo utilizado pelo investidor dos EUA para acessar o mercado brasileiro”, diz o sócio da One Investimentos.

Ele destaca ainda o desempenho de ações de utilidades públicas em 2025 e o setor bancário, mostraram que mesmo aportando em renda variável, o investidor manteve-se cauteloso.

Olhando somente para último pregão de 2025, o Ibovespa fechou nesta terça-feira, 30, em alta de 0,40%. O último dia de negociação na Bolsa do ano foi recheado por dados do mercado trabalho brasileiro e pela ata do Banco Central americano, o Federal Reserve (Fed).

No cenário local, a taxa de desocupação no Brasil caiu para 5,2% no trimestre encerrado em novembro. O número ficou abaixo do esperado do mercado, que estima uma taxa de desemprego em 5,4%.

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O dado atual representa o menor patamar desde o início da série histórica da Pnad Contínua, em 2012. A Pnad Contínua é a principal pesquisa sobre a força de trabalho do Brasil. Sua amostra abrange 211 mil domicílios, espalhados por 3.500 municípios, visitados a cada trimestre. Em novembro, ao todo, havia 5,644 milhões de pessoas em busca de emprego, o menor contingente já registrado pela pesquisa.

A queda do desemprego veio acompanhada de novos recordes de ocupação. O país chegou a 103,2 milhões de pessoas ocupadas, elevando o nível de ocupação para 59,0% da população de 14 anos ou mais, também o maior da série. Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, a manutenção do emprego em patamar elevado ao longo de 2025 reduziu significativamente a pressão por busca de trabalho e sustentou a queda da desocupação.

Faria Lima começa a precificar corte de juros

Já o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), também divulgado nesta terça-feira, mostrou que o país criou 85.864 postos de trabalho com carteira assinada em novembro, completando os onze meses do ano com as contratações no positivo. A cifra ficou acima do esperado, visto que o mercado aguardava 79.120 novas vagas.

O saldo é resultado de 1.979.902 admissões e 1.894.038 desligamentos no mês. Trata-se do resultado mais fraco para um mês de novembro desde 2020, ano em que teve início a nova série metodológica do Caged. De toda forma, com mais um avanço mensal, o número total de brasileiros trabalhando com registro pela CLT segue aumentado: 49,09 milhões de pessoas tinham registro em carteira em novembro, ante 49 milhões em outubro e 47,5 milhões em novembro do ano passado.

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Claudia Moreno, economista do C6Bank, diz que o mercado de trabalho continuará forte ao longo dos próximos meses e até o fim do ano que vem. Ela acredita que a taxa de desemprego deve terminar 2025 e 2026 abaixo de 6%, um patamar historicamente baixo para o Brasil.

Por outro lado, ela reforça que esse cenário traz desafios para o controle da inflação, principalmente no setor de serviços.  “Os dados da Pnad reforçam nossa expectativa de manutenção da taxa Selic em 15% na reunião de janeiro do Copom. Acreditamos que o ciclo de cortes deve começar em março, com os juros chegando a 13% no fim de 2026″, diz Moreno.

Felipe Cima, analista da Manchester Investimentos, concorda e acredita que o corte de juros deve começar em março. “Os dados do desemprego e do Caged mostram que a economia continua resiliente, o que cancela qualquer possibilidade de redução de juros em janeiro”, diz Cima.

Endividamento do Brasil também esteve na mira do mercado

Além dos dados do mercado de trabalho, investidores também acompanharam dados do endividamento do Brasil. A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) continuou em rota de aumento e atingiu os 10 trilhões de reais em novembro, valor equivalente a 79% do produto interno bruto (PIB). Só durante a pandemia, em 2020 e 2021, o endividamento público havia atingido níveis tão altos.

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A última vez em que a dívida bruta brasileira havia passado dos 79% do PIB tinha sido em novembro de 2021. No pior momento, em outubro de 2020, ela chegou a 87,6%, inflada pelo pacote bilionário de socorro às famílias e empresas feito pelo governo naquele ano.

Para Rafaela Vitoria, economista-chefe do Inter, os destaques negativos foram a deterioração do resultado do governo federal, que voltou a acelerar os gastos neste segundo semestre, e o rombo das estatais, que já soma R$ 10 bilhões em 2025, cerca de 0,1% do PIB.

Na visão da economista, a expansão fiscal tornou-se mais ampla neste semestre e segue com baixa transparência, o que dificulta uma maior ancoragem das expectativas e mantém elevado o prêmio de risco embutido nos juros.

“Com isso, o custo da dívida continua em alta, e a despesa com juros acumula R$ 981 bilhões em 12 meses. O déficit nominal deve encerrar o ano em novo recorde, em R$ 1,027 trilhão, o equivalente a 81% do PIB, um patamar insustentável”, estima Vitoria.

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Ata do Fed ficou nos holofotes

Um dos fatores para o bom resultado do Ibovespa em 2025, o corte de juros nos Estados Unidos também pautou o mercado hoje. O Banco Central americano, Federal Reserve, divulgou a ata da sua última reunião encerrada em 10 de dezembro.

O documento mostra que dos 19 membros presentes do FED, seis se opuseram ao corte de juros realizado em dezembro. No entanto, a maioria foi favorável, pois encontrou no corte uma possibilidade de ajustar a política monetária de forma favorável para o mercado de trabalho.

O Fed reduziu a taxa básica de juros da economia americana em 0,25 ponto percentual no começo de dezembro, com isso, a taxa básica de juros dos EUA encerrou 2025 na faixa de 3,5% a 3,75%. No começo de 2025, o juro americano estava na faixa de 4,25% a 4,5% ao ano. Ou seja, houve uma redução de 0,75 ponto percentual no ano.

Para 2026, a ata revela que os 19 membros presentes indicaram a probabilidade de um novo corte em 2026 e outro em 2027. Isso levaria a taxa básica de juros para perto de 3%, um nível considerado neutro pelos membros do comitê, pois não restringe e nem impulsiona o crescimento econômico. Ou seja, o juro americano deve continuar caindo a longo prazo.

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Essa medida é positiva para o mercado acionário brasileiro, visto que os investidores tendem a sair dos títulos americanos a procurar uma maior rentabilidade em países emergentes, como Brasil.

Em suma, o Ibovespa encerra 2025 em alta de X% devido ao cenário externo e o otimismo com o baixo desemprego no Brasil. No entanto, as questões fiscais brasileiras apontam para uma deterioração, sendo um contraponto em relação ao otimismo global. Para saber onde investir em 2026 e o que esperar do Ibovespa no próximo ano, leia a última edição da Veja Negócios.

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