O Ibovespa, principal índice da B3, encerrou o pregão desta terça-feira, 16, em forte desvalorização de 2,40%, rondando os 158,5 mil pontos. Já o dólar fechou em alta, cotado a 5,50 reais. O dia foi marcado pelo estresse do mercado doméstico em relação à política monetária e pelos dados do payroll, o relatório de emprego dos Estados Unidos.
No Brasil, os investidores acompanharam a divulgação da ata do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central referente à última reunião, quando foi decidida a manutenção da taxa Selic em 15%. A repetição do termo “bastante prolongado” é o principal indicador de que o ciclo de cortes não deve começar em janeiro.
No documento, também é reforçado que a postura cautelosa na condução da política monetária tem sido determinante para a desaceleração da inflação e reforçou o compromisso com o cumprimento da meta. “Esse choque de expectativas acabou pesando de forma significativa sobre os ativos”, afirma Leonardo Santana, especialista em investimentos e sócio da casa de análise Top Gain.
Entre as ações de maior peso no índice, os bancos tiveram desempenho negativo, acompanhando a baixa do Ibovespa. O Santander (SANB11) liderou as perdas, com queda de 3,58%, seguido pelo Bradesco (BBDC4), que recuou 2,75%. O Itaú (ITUB4) caiu 2,58%, enquanto o Banco do Brasil (BBAS3) teve desvalorização de 1,36%. A Petrobras também cai hoje, recuando cerca de 3%.
Cenário internacional
No exterior, o mercado acompanhou a divulgação dos dados do payroll, relatório de emprego dos Estados Unidos que mede mensalmente a geração de postos de trabalho fora do setor agrícola. Em novembro, o país criou 64 mil vagas, acima das expectativas de analistas de 40 mil vagas. “A expectativa de corte de juros em janeiro segue intacta, com redução de 0,25 ponto percentual. Ou seja, o payroll passou sem força suficiente para mexer no cenário”, afirma Santana. Em Wall Street, o Dow Jones Futuro cai 0,62%, o S&P 500 Futuro recua 0,24% e o Nasdaq Futuro, por outro lado, registra ganho de 0,26%.
Para Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o dólar se fortaleceu frente ao real em um movimento de busca por proteção diante do aumento da aversão doméstica ao risco, que reflete a elevação do prêmio de risco político. “O quadro foi agravado por mais um dia de queda das commodities, especialmente do petróleo, e contrastou com um ambiente externo mais benigno, marcado pela fraqueza do dólar global e pelo recuo dos yields dos Treasuries, fazendo o real se destacar negativamente na sessão”, avalia.