Correndo atrás do sonho de ser um dia um líder global, o presidente Lula, em seu terceiro mandato no Planalto, viajou a quase quarenta países, meteu-se em confusões internacionais — com sua retórica de sindicalista — e buscou vitrines para destacar suas ações em diferentes áreas.
A mais promissora delas, a COP30, é vista pelo governo petista como a oportunidade de Lula vestir a fantasia de defensor do clima. Nesta segunda, no entanto, o Ibama atirou galões de óleo no figurino do presidente.
Ao autorizar a exploração de petróleo na margem equatorial a poucos dias do início do evento ambiental — uma tremenda vitrine planetária para expor as contradições da gestão petista –, o Ibama criou um constrangimento global para Lula. A “COP da Floresta” tem agora um poço de petróleo para chamar de seu.
Dobrado pela pressão política e econômica, o Ibama segurou o assunto o quanto conseguiu.
Em fevereiro deste ano, Lula, já sem paciência com a novela, criticou publicamente o que chamou de “lenga-lenga” do órgão ao analisar a autorização de exploração petróleo na região amazônica.
O tempo passou e, com investimentos de 4,5 bilhões de reais em Belém, a “Copa do Mundo” dos ambientalistas está quase pronta no Pará.
Lula esperava brilhar no evento como exemplo de preservação, um líder moderno em tempos de consciência climática. Talvez consiga — e talvez agora precise dar algumas explicações.
O Ibama, ao liberar o projeto nesta segunda, criou o cenário ideal para que ambientalistas do mundo todo usem a vitrine global da COP30 para fustigar Lula e escancarar o abismo existente entre o marketing de engajamento da conferência da ONU e a realidade fóssil dos países que discursam em defesa do clima.