Um relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, publicado nesta terça-feira, 2, revelou que a Inteligência Artificial (IA) deve agravar a desigualdade entre países ricos e pobres mundo afora. O documento pede medidas políticas para mitigar o impacto do desenvolvimento da nova tecnologia.
“Acreditamos que a IA está anunciando uma era de crescente desigualdade entre os países, após anos de convergência nos últimos 50 anos”, declarou o economista-chefe Philip Schellekens, do Escritório Regional do PNUD na Ásia-Pacífico, durante uma coletiva de imprensa em Genebra.
Com o título “A próxima grande divergência: por que a IA pode ampliar a desigualdade entre os países”, o relatório aponta que a adoção desigual de ferramentas do tipo pode acelerar a segregação, deixando países em posição desfavorável expostos à perda de empregos, exclusão de dados, desinformação, e aos efeitos indiretos do aumento pela demanda de água e energia relacionados a data centers.
Nas últimas décadas, as disparidades entre os Estados foram reduzidas a partir do comércio e da tecnologia. Caso esses ganhos sejam perdidos, Schellekens afirma que os efeitos seriam negativos até mesmo para os países ricos, muitos em posição de privilégio em relação à IA.
“Se a desigualdade continuar a aumentar, os efeitos colaterais disso em termos de segurança, em termos de imigração ilegal, também se tornarão mais preocupantes”, declarou o economista-chefe do PNUD.
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Dados divulgados pelo relatório apontam que a Inteligência Artificial atingiu 1,2 bilhão de usuários nos últimos três anos. A esmagadora maioria deles (70%) vive em países em desenvolvimento. Em muitas economias de alta renda, duas em cada três pessoas utilizam ferramentas de IA. O contraste em comparação a países de baixa renda é grande, onde somente 5% da população faz uso da tecnologia.
Buscando alterar tal cenário, o PNUD pede que governos e empresas invistam em computação sustentável e desenvolvam estratégias de IA inclusivas e alinhadas à capacidade nacional. Segundo o órgão, “a cooperação regional e global será essencial para que a IA funcione como um bem público partilhado, em vez de uma vantagem concentrada.”